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Justiça Quarta-feira, 18 de Setembro de 2024, 10:33 - A | A

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Quarta-feira, 18 de Setembro de 2024, 10h:33 - A | A

"ATHENA"

Empresa suspeita de desviar mais de R$ 3 milhões da Saúde de Cuiabá funciona em quitinete

Diligências policiais descobrem irregularidades em contratos e documentos da empresa beneficiária de contratos milionários

ANDRÉ ALVES
Redação

Lume Divinum, uma empresa de serviços de informática que atualmente funciona em uma quitinete no bairro Jardim Leblon, na Capital, foi a principal beneficiária do esquema de desvios de recursos da Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá. Investigações da Delegacia Especializada em Combate à Corrupção da Polícia Civil (Deccor), durante a Operação Athena, revelaram diversas inconsistências em processos de contratação e pagamento, além de serviços prestados pela empresa, que envolvem notas fiscais e movimentações financeiras feitas em prazos considerados atípicos e sem a devida fiscalização, totalizando em torno de R$ 3,7 milhões.

A empresa começou a prestar serviços à Empresa Cuiabana de Saúde Pública (ECSP) em maio de 2021 para instalação e configuração de controle de acesso a circuito fechado de TV, com câmeras de segurança e videomonitoramento, por R$ 130.850. Em 5 de maio de 2023, a ECSP interrompeu os serviços devido a irregularidades nos pagamentos e processos, incluindo falta de ordem de serviço, cotação de preços e documentação inadequada. A empresa continuou prestando serviços na modalidade indenizatória, mas não foram encontrados processos de pagamento adequados ou justificativas necessárias.

As irregularidades apontadas pela investigação remontam desde o primeiro pagamento, em que os serviços foram atestados apenas dois dias após a emissão da nota fiscal e o pagamento feito em menos de um mês, fato que levantou suspeitas das autoridades.

“A ECSP identificou elevados custos mensais com serviços relativos à configuração e manutenção de câmeras de vigilância dos hospitais, e considerando a relevância dos valores apurados, é que aquela Administração comunicou a interrupção dos serviços à empresa Lume Divinum Comércio e Serviços de Informática Ltda., em 05 de maio de 2023”, destacou o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), em sentença proferida nesta sexta-feira (13).

Em outro pagamento, de R$ 140.829,15, a nota fiscal foi emitida em 11 de agosto de 2022, no valor de R$ 143.850,00, e foi paga no dia 30 de agosto de 2022, apenas 20 dias após a abertura do processo. Novamente, os serviços prestados foram atestados no mesmo dia em que a nota foi apresentada.

A tramitação envolveu os mesmos servidores: Rosângela de Moraes Nogueira, Eduardo Vasconcelos e Vinicius Gatto Cavalcante Oliveira, que, na época, atuava como Diretor-Geral interino devido ao afastamento de Célio Rodrigues da Silva, investigado na Operação Curare, que apurava fraudes na Secretaria Municipal de Saúde.

Um parecer emitido pelo Controle Interno apontou que o contrato estava vigente sem a devida licitação e questionou a necessidade de sua execução. Mesmo assim, o pagamento foi autorizado pelo Diretor Administrativo-Financeiro, Eduardo Vasconcelos, e pelo Diretor-Geral, Paulo Sérgio Barbosa Ros.

Outras irregularidades também foram detectadas em pelo menos 18 pagamentos, cujos valores começaram em R$ 130 mil e terminaram em R$ 330 mil em dezembro de 2023.

Além dos serviços de instalação, foram identificados pagamentos suspeitos relacionados à locação de impressoras e serviços de digitalização. Em um processo, foi emitida uma nota fiscal no valor de R$ 180 mil, correspondente a serviços de locação de equipamentos de impressão, com pagamento efetuado em 23 de dezembro de 2021.Outro processo semelhante envolveu o pagamento de R$ 175.427,04 à Lume Divinum, correspondente à locação de impressoras durante os meses de janeiro e fevereiro de 2022.

A investigação policial identificou um padrão de irregularidades nos pagamentos efetuados pela Prefeitura de Cuiabá à empresa Lume Divinum Comércio e Serviços de Informática Ltda. Entre as principais falhas apontadas estão a ausência de pareceres jurídicos, contratos sem licitação, pagamentos feitos antes da emissão de notas de empenho e a celeridade suspeita em diversos processos. A apuração segue em andamento, e as autoridades buscam responsabilizar os envolvidos no suposto esquema de fraude e corrupção.

ENDEREÇO DUVIDOSO

A empresa Lume Divinum foi criada em fevereiro de 2013 por Selberty Artyenio Curinga Picinatto, foi inicialmente registrada como microempresa com capital social de R$ 5 mil e localizada na Cohab Santa Isabel, Cuiabá. Em junho de 2019, a empresa se transformou em Sociedade Limitada e mudou seu endereço para o Pedregal, onde o sócio administrador residia. No entanto, após a saída do sócio Kembolle Amilkar de Oliveira em janeiro de 2022, a empresa indicou um novo endereço em abril de 2023, no Jardim Leblon.

Diligências policiais revelaram que o endereço mais recente é, na verdade, uma quitinete em um conjunto habitacional coletivo, pertencente ao sogro do sócio administrador. A autoridade policial concluiu que a Lume Divinum nunca funcionou em um local comercial, questionando a legitimidade da empresa, especialmente considerando sua contratação direta milionária com a Administração Pública Municipal. A situação levanta sérias dúvidas sobre a capacidade da empresa de fornecer serviços e a adequação de seus contratos com o poder público.

“Como bem apontou os representantes, é evidente o estranhamento de que uma empresa deste porte tenha logrado êxito na contratação direta milionária com a Administração Pública Municipal, como o caso dos autos”, destacou o juiz Jorge Alexandre Martins Ferreira, do Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo), que bloqueou os bens dos acusados de desvios na Saúde, incluindo Selberty.

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