A Comissão de Ética da Câmara de Cuiabá atravessou um ano legislativo movimentado. O grupo de trabalho cassou pela segunda vez o mandato de Edna Sampaio (PT) e iniciou investigações com o líder do governo, Marcrean Santos (MDB), e o vereador afastado Paulo Henrique (MDB). Os processos deixaram a comissão no centro dos debates em 2024, no entanto, mesmo com toda a atenção, o presidente Rodrigo Arruda e Sá (PSDB) não conseguiu se reeleger. Os membros Kássio Coelho (Podemos) e Wilson Kero Kero (PMB), relatores de processos, foram bem-sucedidos nas urnas e asseguraram mais quatro anos na Casa de Leis.
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A primeira condenação de Edna foi em 2023, acusada pelos colegas de praticar a "rachadinha", utilizando a verba indenizatória do chefe de gabinete de forma irregular. A petista retornou à Câmara por meio de mandado de segurança, mas um novo pedido de cassação foi apresentado e o segundo processo a retirou novamente do plenário, abrindo espaço para o professor Robinson Ciréia (PT) assumir a cadeira em definitivo.
A primeira condenação de Edna foi em 2023, acusada pelos colegas de praticar a "rachadinha"
Mesmo cassada, Edna Sampaio concorreu nas eleições municipais. A candidatura com chapa compartilhada com a ex-chefe de gabinete e jornalista, Neusa Baptista (PT), e Daiely Cristina (PT), foi questionada e Edna saiu de cena para não anular a única chance do seu grupo voltar ao Legislativo. Neusa e Daiely foram até o fim, investindo no pedido por votos, mas a sombra da ex-vereadora afetou a campanha e as duas não conseguiram se eleger.
INFILTRAÇÃO DO CV NA CÂMARA
Paulo Henrique entrou no radar da Comissão de Ética quando a Operação Ragnatela foi deflagrada pela Polícia Federal. O inquérito apontou "PH" como um dos facilitadores do Comando Vermelho. Conforme o parecer apresentado por Kássio Coelho, o vereador que é agente de regularização e fiscalização, e presidente do Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização de Cuiabá (Sindarf-MT), utilizava o seu trânsito nos órgãos públicos para viabilizar licenças ao CV para promover eventos. O esquema foi a forma encontrada pela organização criminosa para lavar o dinheiro da facção.
Durante as investigações, "PH" foi preso preventivamente e solto com cautelares. A Justiça também o afastou da Câmara e o mandato foi assumido por Raufrides Macedo (PSD). Paulo Henrique não apresentou sua defesa na Comissão de Ética. O parecer foi entregue ao presidente da Câmara, Chico 2000 (PL), que o repassou à Procuradoria Geral do Legislativo. Até o momento, o caso de "PH" segue sem resolução.
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SUPOSTA INVASÃO DE UTI
O líder do governo, Marcrean Santos, também foi alvo de pedido de cassação por quebra de decoro ao ser denunciado pelo médico Marcos Vinicius de Oliveira por supostamente ter invadido uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Municipal de Cuiabá (HMC). O médico recorreu ao Conselho Regional de Medicina (CRM-MT) que formalizou a reclamação ao Legislativo. Os vereadores Rogério Varanda (PSDB) e Dr. Luiz Fernando (União Brasil) se basearam no documento para requerer a abertura de processo na Comissão de Ética.
Marcos Vinicius foi ouvido pelos vereadores e afirmou que Marcrean se passou por "Zé Maria" para obter informações de uma conhecida da sua família que estava internada em estado grave. Percebendo que não conseguiria acessar a unidade, Marcrean teria revelado ser vereador e invadiu o espaço, entrando na UTI. O médico afirmou que o vereador constrangeu pacientes que estavam sem roupa, na hora do banho.
O secretário Municial de Saúde, Deiver Teixeira, intermediou duas conversas entre as partes. Porém, a situação não foi pacificada. Marcrean não compareceu às convocações de oitivas na Comissão de Ética e conseguiu suspender a investigação na Justiça.
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