A reforma da Câmara de Cuiabá para acomodar os vereadores não está atendendo a demanda por espaço de parte dos parlamentares que enxergam como a melhor alternativa a mudança para um novo prédio. No entanto, a saída não é um consenso. Diante do estado de calamidade financeira decretado pelo prefeito Abilio Brunini (PL), alguns vereadores estão preocupados com o orçamento e entendem que a Capital não está no momento ideal para discutir a construção de um edifício para o Legislativo.
O endereço atual da Câmara ocupa um quarteirão da Barão de Melgaço, em frente ao Centro Geodésico. Anos atrás, a estrutura atendia a Assembleia Legislativa (ALMT) e passou por diversas readequações conforme o número de vereadores foi aumentando. Em 2025, mais três parlamentares foram empossados na Casa de Leis, ampliando o número de gabinetes para 27. Na próxima legislatura, em 2029, a expectativa é que mais duas vagas sejam acrescidas ao Parlamento, elevando a quantidade de cadeiras para 29.
As obras para ampliação do gabinete foram contratadas na gestão do ex-presidente Chico 2000 (PL). A execução do projeto foi intensificada durante o recesso parlamentar e a expectativa é que as mudanças dos novos vereadores estejam concluídas até a primeira semana de fevereiro, quando as sessões ordinárias serão retomadas.
Os sinais das novas obras estão aparentes nas marcas de remendo e paredes de drywall. A diferença entre os gabinetes se dá pela estrutura de alvenaria, espaço para mesas e cadeiras, e até a quantidades de banheiros. Os vereadores reeleitos que estavam satisfeitos com as instalações, seguraram as salas. Os novatos escolheram entre os gabinetes restantes.
RANALLI HERDOU GABINETE DE FELLIPE
"Herdei a sala do Fellipe que é muito boa pois tem dois banheiros", disse Ranalli
Rafael Ranalli (PL) herdou o gabinete do ex-vereador e atual secretário Municial de Trabalho, Agricultura e Desenvolvimento Econômico, Fellipe Corrêa (PL). Ao ser eleito, antes do ano legislativo terminar, Ranalli começou a sondar os espaços disponíveis e acordou com os demais colegas que ficaria com a sala do correligionário. Ele se diz satisfeito com o local que tem dois banheiros, mas reconhece que o prédio do Legislativo precisa de adequações.
"Fiz essa conversa com os demais e herdei a sala do Fellipe que é muito boa pois tem dois banheiros. Mas é um consenso entre todos os vereadores que prédio atual não atende as necessidades por espaço. O ideal seria mudar para um lugar amplo, com espaço não só para os vereadores, mas para atender a população", disse.
DEMILSON NÃO APOIA MUDANÇA
Demilson Nogueira (PP) discorda. Para o vereador e ex-presidente da Comissão de Fiscalização e Execução Orçamentária, Cuiabá tem outras prioridades neste momento, principalmente, voltadas à saúde. Segundo ele, todos os vereadores foram atendidos com seus gabinetes e cabe esperar o fim da reforma.
"Cuiabá não tem dinheiro", pondera Demilson
"Cuiabá não tem dinheiro. A cidade clama por melhorias em sua infraestrutura, não cabe a nós vereadores que estamos devidamente agasalhados e protegidos, questionar, pedindo que seja feita a mudança para um novo prédio. Não estamos em um momento adequado para isso", falou Demilson.
DÍDIMO É FAVORÁVEL A OBRAS MAIS À FRENTE
O vereador Dídimo Vovô defende a construção de um prédio para a Câmara, à exemplo do que foi custeado pela AL, porém, mais à frente quando a situação finaneira da Capital se estabilizar. Até lá, ele apoia o início do diálogo para que um projeto de lei seja editado com as lideranças partidárias, delimitando orçamento e tempo de execução das obrras.
"Sou a favor, mas não é o momento apropriado", opinou Dídimo
"Eu sou a favor, mas não é o momento apropriado. Sou a favor que venha ser apresentado um projeto de eficiência para sabermos de onde vai vir esse valor. Vamos precisar de R$ 40 milhões, 50 milhões, 60 milhões? De onde vão vir esse dinheiro e quais serão os cronogramas de execução dessa obra? Assim poderemos dizer se vai ficar, no mínimo, dois anos de construção", opinou.
Dídimo destacou que a quantidade de vereadores tende a crescer, já que a criação de vagas acompanha o crescimento do número de habitantes. Por isso, é importante que a pauta seja discutida com bom senso, considerando possibilidade de ampliação da estrutura sem a necessidade de fazer uma nova mudança.
"Esse espaço é um espaço antigo. Temos aqui 25 vereadores, depois 27 e 29, e assim sucessivamente. É claro que para mudar, precisamos de planejamento. Qual é o planejamento? Temos um espaço? Onde é? Vamos fazer audiências públicas com a população, precisamos debater se vai beneficiar, quais são os meios de transporte que vão ter, não discutimos isso", observou Dídimo.
KATIUSCIA RECONHECE QUE REFORMAS SÃO PALIATIVAS
A primeira-secretária Katiuscia Mantelli (PSB) segue a mesma linha de raciocínio de Dídimo, reconhecendo que as reformas são paliativas. A novata na Câmara foi a única a mencionar os servidores, acentuando que os funcionários das 11 secretarias também são penalizados com a falta de espaço. Mas a situação econômica pesa na balança e a vereadora entende que ainda é preciso esperar para colocar um ponto final na situação.
"Não podemos pensar só nos gabinetes, precisamos pensar nos servidores", observou Katiuscia
"Os gabinetes são 27, mas tem o espaço administativo para as secretarias que tem suas equipes técnias. Não podemos pensar só nos gabinetes, precisamos pensar nos servidores que chegam de manhã e saem no fim do dia. Precisamos pensar em um espaço que acomode todos os vereadores, a imprensa, um plenário onde as pessoas consigam vir acompanhar as sessões. Precisamos de uma nova sede que atenda a realidade atual da Câmara", disse.
Recém-empossada na Mesa Diretora ao lado de quatro mulheres, primeira composição formada exclusivamente por mulheres, Katiuscia reforçou que a gestão está se inteirando sobre a receita do Legislativo e ainda não consegue mensurar quanto há disponível em caixa para um futuro projeto. Ela afirmou que havendo condições, a mudança será discutida pela presidente Paula Calil (PL).
"Não consigo mensurar se essa demanda consegue ser atendida agora. É lógico se a gente tivesse condições, sabendo que há sim possibilidade de iniciarmos um projeto, poderíamos começar a buscar a doação de terrenos para a sede ser construída", finalizou a vereadora.
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