O vereador de Cuiabá, Paulo Henrique (MDB), alvo da Operação Pubblicare, ordenava que as fiscalizações em casas noturnas rivais das controladas pelo Comando Vermelho fossem mais rigorosas. Ao mesmo tempo, os bares ligados à facção criminosa tinham fiscalizações mais flexíveis. As informações constam na representação policial que resultou na prisão do vereador.
"Ficou demonstrado que a atuação do vereador Paulo Henrique ultrapassa sua influência política, uma vez que ele exercia certa autoridade sobre o Secretário Adjunto de Fiscalização da Secretaria de Ordem Pública e Defesa Civil de Cuiabá (SORP), Benedito Alfredo Granja Fontes", afirma um trecho da representação.
Em julho de 2022, o vereador enviou uma mensagem ao fiscal Rodrigo Rosa, também investigado na Pubblicare, solicitando maior rigor na fiscalização da casa de shows Vitrinni, reforçando a tese policial de que as fiscalizações eram mais duras para concorrentes e brandas para o Dallas Bar, estabelecimento utilizado para lavagem de dinheiro do Comando Vermelho.
Em outra conversa, em novembro de 2022, Paulo Henrique reclamou ao secretário Benedito Alfredo sobre a fiscalização rigorosa no Dallas Bar e pediu que a SORP devolvesse o valor da multa paga por Rodrigo Leal, um dos responsáveis pelo bar, juntamente com William Aparecido, o "William Gordão". O secretário-adjunto respondeu que não tinha "controle efetivo sobre os fiscais", temendo que sua proteção ao estabelecimento viesse à tona.
Meses depois, em fevereiro de 2023, o vereador novamente pressionou Benedito Alfredo após a prisão de William Gordão, e o secretário afirmou que estava "tentando ajudar como podia". Paulo Henrique insinuou que o Dallas Bar estava sendo alvo de perseguição, enquanto outras casas noturnas recebiam tratamento diferenciado.
Em março de 2023, Rodrigo Leal queixou-se das constantes fiscalizações, que considerava uma forma de opressão, apesar de afirmar ter "a fiscalização nas mãos". O secretário mais uma vez disse que estava ajudando como podia e que, se as normas da prefeitura fossem seguidas, não haveria problemas.
Apesar das reclamações, Benedito Alfredo atuava diretamente em favor de eventos do Comando Vermelho em troca de vantagens financeiras. Em uma conversa de junho de 2022, Rodrigo Leal discutiu um pagamento para Alfredo, que solicitou que as despesas da "Festa de Santo" fossem cobertas pelo esquema de lavagem de dinheiro.
Em outro diálogo, a promoter Kamilla Bertoni mencionou cobranças relacionadas ao aniversário da filha de Benedito Alfredo e outras despesas, conversando com Rodrigo Leal sobre valores e transferências para cobrir os custos.
Além das conversas, a polícia identificou comprovantes de transferências bancárias para a conta de Benedito Alfredo, realizadas por Rodrigo Leal e pelo Dallas Bar. As evidências sugerem que esses pagamentos eram retribuição pela flexibilização das fiscalizações.
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