Investigações do Ministério Público Federal (MPF) revela que os alvos da Operação Bilanz criaram uma espécie de 'blindagem' nas informações contábeis da Unimed Cuiabá para não permitir que outros setores, inclusive a própria contabilidade, tivessem acesso às informações que indicavam o desvio de R$ 400 milhões da cooperativa. Mesmo com os esforços do novo sistema de governaça, a gerente de controladoria da cooperativa, Maria Gladis, levantou diversas vezes suspeitas de irregularidades, mas foi impedida, inclusive sob ameaça de demissão, de solucionar os problemas contábeis. Foi nesse contexto que o MPF identificou a prática de coação moral irresistível e deixou de oferecer denúncia contra ela.
Narra o Ministério Público que com a entrada de Eroaldo de Oliveira como CEO e o fortalecimento de sua assessora, Tatiana Gracielle Bassan Leite, a gestão das informações contábeis e operacionais passou a ser rigorosamente controlada na Unimed Cuiabá. A liberação de dados, que antes era irrestrita, passou a requerer análise e autorização prévia dos novos gestores, seguindo orientações do ex-diretor Rubens Carlos de Oliveira Júnior, da ex-diretora administrativa Suzana Aparecida Rodrigues dos Santos Palma e de Jaqueline Proença Larrea Mess, ex-chefe do Departamento Jurídico. Essa mudança resultou em um controle absoluto sobre o fluxo de pagamentos da entidade, especialmente aqueles destinados aos prestadores de serviços, o que levantou preocupações sobre a transparência nas operações.
As alterações não se limitaram apenas à governança. A gerência de Controladoria de Maria Gladis, que antes estava integrada à Superintendência Administrativa e Financeira de Ana Paula, passou a sofrer um esvaziamento significativo. Em 2022, com a nova "governança", a controladoria de Maria Gladis perdeu sua atribuição sobre "controles internos" e passou a ser subordinada diretamente ao Núcleo de Monitoramento. Essa mudança resultou na perda de acesso a informações cruciais sobre contas médicas e contratos, afetando a contabilidade da operadora e levando a atrasos nos repasses financeiros, o que comprometeu a entrega pontual dos formulários DIOPS à Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).
Maria Gladis dos Santos, que trabalhou na cooperativa entre 2014 e 2023, chegou a ser investigada, mas a Justiça entendeu que ela, mesmo sob coação moral, alertou inúmeras vezes sobre os procedimentos incorretos da diretoria. A pressão sobre Maria Gladis aumentou à medida que Ana Paula, sua superior hierárquica, passou a intervir com frequência em suas atividades. Ignorando e-mails e pareceres técnicos que apontavam inconsistências contábeis, Ana Paula exerceu uma forte pressão psicológica, restringindo a capacidade de Maria de corrigir erros sem sua autorização, inclusive sob ameaça de demissão.
“Em paralelo, Ana Paula, como superintendente administrativo-financeiro e superior hierárquica de Maria Gladis, passou a intervir de modo mais constante na contabilidade: ora ignorando e-mails e pareceres técnicos elaborados pela contadora, que apontavam inconsistências na contabilidade, ora também exercendo pressão psicológica sobre Maria Gladis e proibindo qualquer tipo de correção na contabilidade sem sua prévia autorização, inclusive com ameaças de demissão”, diz trecho do relatório.
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.