A última mensagem recuperada no celular do advogado Roberto Zampieri, assassinado em dezembro de 2023, foi enviada pelo desembargador Sebastião de Moraes Filho na madrugada de 6 de dezembro do ano passado. Na mensagem, o juiz expressava sua condolência: "Convivemos em harmonia e respeito por mais de 25 anos. Ganhava e perdia nos meus votos e sempre mostrava ser um advogado consciente. Deus o tenha." Zampieri havia sido executado horas antes, e essa mensagem revela não apenas o lamento pela perda, mas também a proximidade imprópria entre os dois, que se estendia muito além do relacionamento profissional. As informações são de uma reportagem da revista Veja desta sexta-feira (18).
O acervo encontrado no aparelho celular de Zampieri expôs uma relação que levantou sérias suspeitas sobre a conduta do desembargador. As mensagens indicavam que os dois mantinham um contato frequente, discutindo temas pessoais como férias e futebol, além de assuntos relacionados ao trabalho, como processos judiciais.
O advogado parecia ter liberdade para influenciar as decisões do magistrado, chegando a pedir que ele votasse ou se abstivesse de votar em ações de seu interesse. O clima entre eles começou a se tornar tenso após rumores sobre a produção de provas contra ambos, indicando que a intimidade excessiva poderia resultar em um grande constrangimento.
Ainda mais alarmante, foi revelado que Zampieri teria sido filmado entrando na casa do desembargador, o que intensificou a preocupação sobre a natureza de sua relação. Mesmo diante de tais circunstâncias, a amizade entre eles não parecia abalada.
Duas semanas antes de seu assassinato, Zampieri enviou ao juiz uma foto de duas barras de ouro, levando a polícia a crer que as peças haviam sido repassadas ao magistrado. As investigações sobre o caso culminaram no afastamento de Moraes Filho pelo CNJ, que encontrou indícios de que ele estava envolvido em um esquema de venda de decisões judiciais, colocando em evidência a gravidade da situação.
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