Os resultados da redação do Enem trouxeram algumas surpresas. Uma delas, muito positiva, veio de uma escola pública de Marabá – PA.
Coincidentemente (?) batizada com o nome do grande educador Anísio Teixeira, nada menos que 85 alunos alcançaram notas superiores a 900, em 1.000 possíveis. Um dos melhores resultados do país, superando escolas particulares com clientela de alto poder aquisitivo nas regiões mais ricas do país.
O segredo?
Não foram investimentos em obras ou em equipamentos de última tecnologia. Não foi um cursinho preparatório. Não foram aulas extras nos finais de semana. Foi apenas um projeto do professor Demétrius Araújo, que não custou um real a mais para os cofres públicos.
Foi assim: aproveitando uma brecha na agenda escolar, o professor Demétrius, de Língua Portuguesa, sugeriu que o tempo fosse aproveitado para corrigir redações dos alunos. Muitos tinham chegado ao último ano do ensino médio sem terem um só texto avaliado.
A iniciativa teve o apoio da direção da escola e a adesão dos alunos. E o projeto consistiu simplesmente em: aplicar testes de redação semanalmente, fazer a correção individual e apontar a cada aluno como melhorar os seus textos. Apenas isso. Não se quis reinventar a roda. Somente fazer exercícios, corrigi-los e melhorar passo a passo. E os resultados vieram.
Ao ler sobre esse caso, ao lado da alegria que senti pelo sucesso desses jovens, refleti também sobre como poderíamos melhorar muito a efetividade das políticas públicas no Brasil se um número maior de agentes públicos – servidores e autoridades – se dedicasse a fazer o simples bem-feito. Sem invencionices marquetológicas. Apenas o bom e velho feijão-com-arroz. Quer obter notas melhores na redação? Pratique redação. Se isso foi possível numa escola pública na Amazônia, por que não em tantas outras escolas pelo país? E porque não em outras áreas da administração que funcionariam bem melhor se houvesse um pouco de bom-senso, dedicação e humildade?
As elevadas notas obtidas na redação do Enem permitirão que esses alunos consigam acesso a cursos muito disputados nas melhores universidades públicas, como Medicina e Engenharia. A iniciativa do professor Demétrius ajudou a concretizar sonhos que pareciam impossíveis.
Que ótima notícia! Parabéns, professor Demétrius! Que o seu projeto e o seu exemplo seja conhecido e multiplicado!
(*) LUIZ HENRIQUE LIMA é professor e conselheiro independente certificado.
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