Emocionado, o conselheiro Antônio Joaquim, do Tribunal de Contas de Mato Grosso (TCE-MT), atribuiu ao ex-procurador geral da República, Rodrigo Janot, uma “injustiça monstruosa” cometida contra ele. Nesta segunda-feira (9), ele anunciou o arquivamento pelo Ministério Público Federal (MPF) de inquérito em que figurava sob a denúncia de lavagem de dinheiro e corrupção. O caso envolvia a venda de uma fazenda de propriedade de Antônio Joaquim à Trimec - Construções e Terraplanagem Ltda. Segundo o conselheiro, entretanto, a denúncia não passava de conluio entre Janot e o ex-governador Pedro Taques, que implodiram sua possível candidatura ao Palácio Paiaguás no pleito de 2018.
No entanto, depois de cerca de cinco anos de investigação, a Procuradoria Geral da República concluiu não haver indícios suficientes para embasar denúncia contra o conselheiro. Suposto esquema, denunciado pelo ex-governador Silval Barbosa, apontava que a fazenda teria sido vendida para “lavar” dinheiro oriundo de propina.
“É muito doído. A injustiça é uma coisa que dói de forma muito intensa. Tive minha reputação estraçalhada e esse arquivamento vai ajudar, mas não recupera o que passei”, disse o conselheiro, durante coletiva de imprensa, afirmando que a motivação para tal denúncia era de cunho político.
“Ele [Rodrigo Janot] se sentiu no direito de virar Deus e falar 'eu vou mudar a vida desse homem' e mudou, impediu minha candidatura, acompanhado dessa alma 'maravilhosa'. Todos nós sabemos quem é Pedro Taques nesse curto período de vida pública que ele teve, o tanto que ele é mau, tem uma alma ruim. Se juntaram, acharam que eram Deus e mudaram a minha vida. Estabeleceram uma injustiça monstruosa”, completou.
Durante a coletiva, Antônio Joaquim ainda comentou as suspeitas levantadas a partir da incompatibilidade entre os valores declarados à Receita Federal e os que, de fato, foram depositados em sua conta bancária. O valor de venda do imóvel, segundo ele, foi de R$ 9,5 milhões, contra R$ 6,7 milhões escriturados. Apesar de admitir a sonegação, o conselheiro pontuou que o fato de que os valores foram depositados em sua própria conta é prova de que não houve lavagem de dinheiro. Além disso, também garantiu regularização perante a Receita Federal, que já estaria iniciando a negociação administrativa com o órgão.
“Eu vou pagar o imposto, já estou acertando. Estou no nível administrativo com a Receita Federal, já com o processo aberto”, afirmou.
"O que aconteceu comigo foi um erro irresponsável e criminoso do Janot e seu colega, o ex-procurador Pedro Taques, que me transformaram num bandido. Eu fui julgado e condenado por todo esse tempo. Tenho que reconhecer, agora, a coragem do MPF de arquivar esse inquérito, porque é preciso ter coragem para reconhecer que não há nada e arquivar. É um alívio e tenho que elogiar o MPF, pois acredito nas instituições, na democracia e no estado democrático de direito", disse o conselheiro.
DENÚNCIA
A denúncia da suposta irregularidade partiu do ex-governador Silval Barbosa na delação premiada, que possibilitou sua liberdade depois de mais de dois anos preso, firmada com a Procuradoria Geral da República (PGR) e homologada no em agosto de 2017 pelo ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF).
De acordo com Silval, Antônio Joaquim teria participado de um esquema de lavagem de dinheiro na compra e venda da fazenda. Porém, a negociação da fazenda se deu cinco anos antes da delação feita pelo ex-governador.
No âmbito do Ministério Público Estadual, inquérito sobre o caso já havia sido arquivado em 2018.
OUTRO LADO
Procurado, o ex-governador Pedro Taques disse que não irá comentar as declarações.
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