Laysa Moraes Ferreira, a MC LaBrysa, encontrada morta na quinta-feira (9), em Cuiabá, havia se mudado para Capital mato-grossense em março de 2024, com o sonho de despontar na "cena hip hop". Natural de Três Lagoas (MS), ela era reconhecida por sua habilidade nas batalhas de rima, acumulava prêmios e vivia uma carreira em ascensão. Com 12 anos de dedicação às rimas e oito anos de atuação nas batalhas, ela deixa sua marca e legado na cultura.
La Brysa se encontrou no rap ainda na infância, por volta dos sete anos de idade. A primeira experiência com o gênero veio por meio de seu vizinho, que escutava Facção Central. Desde então, artistas como Realidade Cruel e SLJ moldaram sua visão de mundo e a conectaram às lutas sociais retratadas nas músicas. "Me senti acolhida pelas músicas, tá ligado?", declarou em uma de suas entrevistas. Além de cantora, a MC era compositora e poetista.
PRIMEIRA BATALHA
Após anos rimando em rodas de amigos, La Brysa participou de sua primeira batalha em 2015, encorajada por uma amiga que inscreveu seu nome sem a avisar. Foi amor à primeira rima. Daquele momento em diante, ela se tornou uma presença constante nas rodas e competições, mostrando sua força e criatividade em palcos de todo o país. La Brysa foi campeã da batalha "Vai Ser Rimando", promovida pelo rapper e vencedor de grammy, Emicida.
Em 2022, La Brysa alcançou o terceiro lugar na Liga Batalha de MC's em Campo Grande (MS), sendo a única mulher no pódio. Ela também venceu a Batalha do Porto, durante o Festival América do Sul, consolidando sua relevância no rap sul-mato-grossense.
PASSAGEM POR CUIABÁ
Em Cuiabá, ela participou diversas vezes da Batalha de Alencastro, evento que ocorre desde 2015, reunindo rappers todas as quintas-feiras na Praça Alencastro, no Centro da cidade. Nas disputas, LaBrysa não demorou a se destacar e levou várias vezes a "folhinha" da vitória para casa.
Desde a primeira vez que ganhou uma batalha, em 2016, LaBrysa conquistou 310 "folhinhas" e se destacou no movimento por sua entrega e originalidade. Foi presença marcante no The Big Cypher of Campão e por três anos colecionou títulos importantes, como a categoria de Sangue e Conhecimento da Liga Breaking e a Batalha do Conhecimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST).
Embora já tivesse se consolidado no mundo do rap, a MC ainda tinha grandes planos para sua carreira musical. Sua intenção era se mudar ainda este ano para o Rio de Janeiro, um dos principais polos do rap e do trap no Brasil, onde esperava ampliar ainda mais sua influência. Mas, seus planos foram interrompidos.
SONHO INTERROMPIDO
La Brysa sonhava em viver exclusivamente do rap. Apesar das dificuldades financeiras, não desistia de participar de batalhas e eventos, mesmo quando isso significava atrasar contas. "Meu sonho é poder viver disso", afirmou em uma entrevista.
La Brysa desapareceu no dia 3 de janeiro da casa que morava no bairro Santa Isabel. Na cidade, ela morava sozinha, sem familiares. Amigos da jovem informaram seus pais sobre o desaparecimento, registraram um boletim de ocorrência e começaram uma movimentação para localizá-la.
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O corpo só foi encontrado na última quinta-feira (9), em um trecho do rio Cuiabá, na região do bairro Ribeirão do Lipa. O cadáver estava encoberto com tapete e preso a uma lata com concreto. Acredita-se, a princípio, que a morte possa estar vinculada a facção criminosa em razão de fotos no Instagram de La Brysa fazendo gestos com as mãos.
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A família fez o translado do corpo o Mato Grosso do Sul, onde foi sepultado sem velório. A morte causou comoção nas redes sociais por amigos, colegas, conhecidos e movimentos sociais dos quais La Brysa participava.
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A Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) investiga o caso.
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