O prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), fez ataques aos desembargadores de Mato Grosso, Luiz Ferreira da Silva e Marcos Regenold. Respectivamente, eles são o autor da decisão que determinou os dois afastamentos do prefeito e o ex-promotor que patrocinou diversas investigações contra Emanuel durante a trajetória no Ministério Público. Em entrevista à Rádio Cultura FM, nesta quinta-feira (14), Pinheiro acusou a dupla de perseguição e injustiça.
Já nos minutos iniciais da entrevista, Pinheiro rebateu o ofício encaminhado por Luiz Ferreira ao Superior Tribunal de Justiça (STJ) desqualificando o recurso que colocou Emanuel de volta na prefeitura. Dentre outras coisas, o prefeito classificou a postura do magistrado como "injusta".
"Como pode criar factóides para dar um ar de fato novo só para atingir o prefeito Emanuel Pinheiro? Se tem alguém que está sendo induzido ao erro é ele. Com todo respeito ao desembargador Luiz Ferreira, mas é ele. Uma decisão extremamente injusta e reparada em tempo recorde em Brasília", disparou.
Pinheiro foi afastado no dia 4 de março sob a acusação de chefiar uma organização criminosa que, ao longo de seis anos, teria faturado milhões com desvios de dinheiro público. No dia 7 de março, decisão do ministro Ribeiro Dantas, do STJ, sustou os efeitos das medidas cautelares determinadas no âmbito da Corte Estadual.
As críticas ácidas ao Judiciário se estenderam também ao desembargador Marcos Regenold. Ao ex-senador Antero Paes de Barros e à jornalista Michelly Figueiredo, o prefeito sugeriu que, antes de ascender ao desembargo, Regenold participou da elaboração da peça que o levou ao afastamento.
De acordo com Pinheiro, "um desembargador recém-empossado que veio da promotoria" declarou, durante uma confraternização, que iria prejudicá-lo.
"Tem um desembargador que era promotor e foi conduzido ao cargo de desembargador recentemente que, tomando whisky, falou para todo mundo que fez toda a peça, que colocou coisas do passado, do presente, que fez uma coisa muito bacana, que ele é o cara e que vão colocar no… do Emanuel. Na frente de autoridades, tomando whisky, rindo, falando alto. O que está acontecendo com Mato Grosso? Tudo isso eu levei para Brasília. Parece que muita gente sabia o que estava acontecendo. São coisas graves", acusou.
Regenold ascendeu ao cargo de desembargador em fevereiro por indicação do governador Mauro Mendes, seguindo a regra do Quinto Constitucional. Anteriormente, ele atuava no Núcleo de Ações de Competência Originária (Naco) do Ministério Público e esteve à frente de várias operações contra Emanuel.
Procurado, o Judiciário afirmou que não irá se manifestar.
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