O ano de 2024 pode ser considerado o de maior reviravolta na carreira política do deputado estadual Eduardo Botelho (União). Começou com a ascensão do presidente da Assembleia Legislativa, escolhido como candidato à prefeitura de Cuiabá em uma acirrada disputa interna no União Brasil, e terminou com a derrota no 1º turno, amargando o 3º lugar.
Ele era considerado eleito por nove entre 10 pesquisas eleitorais, e a preferência popular se justificaria por Botelho representar a terceira via, ante a polarização entre direita e esquerda dos demais candidatos. Além de contar com um sólido apoio da classe política, o que, em tese, garantiria auxílio à frente da gestão.
Agora, Botelho, que é deputado estadual, termina o ano fazendo a transição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e passando o bastão para o deputado Max Russi (PSB). Politicamente, o parlamentar está focado em garantir a quarta legislatura, em 2026.
Apesar de ter como projeto a permanência na AL, Botelho é constantemente ventilado como o próximo indicado ao Tribunal de Contas do Estado (TCE), uma vez que o conselheiro Waldir Teis, que completou 71 anos em outubro deste ano e o tempo máximo de permanência é de 75 anos, conforme a Constituição Federal.
A saída da vida pública para o TCE é historicamente uma ação de “aposentaria” dos políticos mato-grossenses. Situação que o próprio Botelho classifica como uma grande tristeza.
NOVELÃO DO UB
Se antes da derrota avassaladora em outubro, Botelho viveu meses na crista da onda, com atos de campanha lotados, e marcados pela adesão de políticos de musculatura no cenário estadual. A jornada até ser escolhido como candidato não pode ser definida de outra forma, que não novelesca.
O União Brasil tinha, de um lado, Fabinho, neto de Garcia Neto, que foi prefeito de Cuiabá e governador de Mato Grosso, e é pessoa do círculo íntimo dos Mendes. E do outro lado, o livramentense, deputado estadual em 3º mandato, e presidente da Assembleia Legislativa Eduardo Botelho.
A disputa se tornou pública no início deste ano. Momento no qual o governador Mauro Mendes (UB) arrastou enquanto pôde a decisão entre os pré-candidatos, tentando uma conciliação que agradasse a Botelho e Garcia, e impedisse um “racha” no partido. Até a decisão de Mauro sair, Botelho ficou com um pé dentro e outro fora do União Brasil, cogitando se lançar candidato por outra sigla.
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Além de demonstrar preferência pública pelo nome de Fabinho, Mauro admitiu um compromisso político com o seu secretário, de retribuir, durante o pleito municipal, o apoio recebido na campanha à reeleição de 2022. O que não ocorreu. Mauro encerrou esse capítulo ainda em fevereiro com a escolha Botelho como pré-candidato à Prefeitura. Para o governador esse era o "único caminho" que possibilitaria o grupo vencer as eleições municipais de 2024. Horas após o anúncio, Fabinho postou um vídeo admitindo a derrota interna: “sonho adiado, não interrompido”.
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A decisão contou com o apoio de mais de 20 lideranças políticas e foi embasada em resultados de pesquisas internas que não foram reveladas ao público. Ainda ressentida pelo seu preferido ter sido descartado, a primeira-dama do Estado, Virgínia Mendes, seguia irredutível e evitando se encontrar com Botelho. A reunião só ocorreu meses depois.
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Tanto Fabinho, quanto Virgínia permaneceram afastados do então pré-candidato. Porém, o secretário-chefe da Casa Civil foi o primeiro a se reaproximar, e em março já atuava como coordenador da pré-candidatura, função oficializada em agosto com a homologação da chapa. Virgínia também acabou “vestindo a camisa” e subiu no palanque de Botelho.
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Apesar do início truncado, a pré e a campanha de Botelho contavam com um palanque de peso, que além de apoiar a escolha do seu nome, estava presente em todos os atos políticos partidários. Durante os meses, as pesquisas indicavam o deputado na dianteira em todos os cenários. E não em raras oportunidades, apresentavam que ele poderia até levar as chaves do Palácio Alencastro em 1º turno.
A partir de agosto, com a chancela da chapa de Botelho e o vice, Dr Marcelo Sandrin (Republicanos), a campanha ganhou novo ritmo. O deputado estava cada vez mais nas ruas, sempre acompanhado de senadores, deputados federais e estaduais, e dezenas de candidatos a vereador disputavam espaço próximo à Botelho. Em 10 de setembro, um confiante Botelho se licenciou da ALMT para se dedicar exclusivamente à campanha eleitoral.
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Na reta final, algumas pesquisas apresentavam o que parecia à época um resultado improvável, com a possibilidade de Abílio vencer o 1º turno e Botelho passar em segundo lugar. Mas o resultado para Botelho foi ainda pior, o presidente da AL viu o seu projeto de Prefeitura ruir, ao amargar o terceiro lugar na disputa.
Após a derrota, todos procuravam entender os motivos do resultado surpreendente.
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Um estudo feito pelo HiperNotícias mostrou que a derrota do favorito pode ter relação com a falta de "fidelidade" dos candidatos a vereador em relação ao majoritário. Botelho conquistou apenas 88.977 eleitores, ficando na terceira posição contra 90.719 de Lúdio Cabral (PT), que ficou em segundo lugar, e bem longe do candidato do PL, Abílio Brunini, que obteve 126.944 sufrágios em primeiro lugar no primeiro turno.
Enquanto as chapas de vereadores dos partidos e federação que apoiaram Botelho conquistaram 189.045 votos, elegendo 18 dos 27 vereadores da Capital. Ou seja, os vereadores que o “apoiaram” conquistaram 100.068 votos a mais que Botelho.
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Com derrota, Botelho se manteve neutro e não declarou apoio a Abílio ou Lúdio. O deputado se mostrou focado na próxima campanha. Ele afirmou que conta novamente com os votos dos eleitores da Baixada Cuiabana para fazer a manutenção da sua cadeira na AL.
Para o sucessor de Botelho na presidência da ALMT, Max Russi, o colega não saiu derrotado, pois conquistou quase 90 mil votos. Conforme Max, os 88 mil votos de Botelho são uma indicação para ele reformular o seu projeto político nos próximos dois anos, investindo na reeleição à AL em 2026.
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