Decisão do juiz Jeferson Schneider, da 5ª Vara Federal de Mato Grosso, aponta contratações do governo do Estado junto à Ventura Prestadora de Serviços Médicos Ltda. de propriedade do empresário foragido Liandro Ventura da Silva. Na lista de tomadores estão o Hospital Metropolitano, o Hospital Estadual Santa Casa e o Centro de Especialidade Médica de Diamantino. Segundo o documento, os contratos foram firmados em 2020.
Polícia Federal
Em 2021 a empresa, conforme inquérito da Polícia Federal, passou a ser utilizada para lavagem de dinheiro oriundo de vantagens indevidas obtidas junto à Prefeitura de Cuiabá por meio do ex-secretário de Saúde, Célio Rodrigues. Para isso, era utilizada a técnica de "mescla" ou "commingling" que, em síntese, é a mistura de recursos legítimos e ilegais.
Muitas das vezes, os recursos obtidos ilegalmente são utilizados em despesas da própria empresa, como o pagamento de pessoal, compra de matéria-prima, etc. Por se tratar de uma empresa real, esse tipo de pagamento ajuda a dificultar o rastreamento da atividade ilícita.
No caso da Ventura Prestadora de Serviços Médicos Ltda., os policiais idenficaram o pagamento de despesas pessoais de Célio Rodrigues, dentre as despesas está a de uma lancha, apreendida pela Polícia Federal no lago do Manso, em Chapada dos Guimarães. Constam também pagamentos de taxas condominiais e IPTU.
O inquérito ainda aponta pagamentos de um contrato de compra e venda de um imóvel, entre julho e agosto de 2020, realizados por Marcelo Pereira da Silva, sócio proprietário da Smallmed Serviços Médicos e Hospitalaris Eireli. A empresa prestou serviços à Empresa Cuiabana de Saúde Pública no período em que Célio Rodrigues integrava a diretoria.
O dono da Ventura Prestadora de Serviços Médicos Ltda, Liandro Ventura da Silva, também aparece como sócio de Célio Rodrigues na Cervejaria Cuyabana, alvo da Operação Cupincha, segunda fase da Operação Curare.
A operação
A Operação Cupincha, deflagrada na última quinta-feira (28), é um desdobramento da Operação Curare que investiga um grupo empresarial fornecedor de serviços à Secretaria Municipal de Saúde de Cuiabá, e recebeu, entre os anos de 2019 e 2021, mais de R$ 100 milhões.
Segundo as investigações, o grupo manteve-se à frente dos serviços públicos mediante o pagamento de vantagens indevidas, seja de forma direta ou por intermédio de empresas de consultoria, turismo ou recém transformadas para o ramo da saúde.
Dentre as empresas citadas do ramo da saúde estão a Medpremium Comércio e Distribuidora de Produtos Médicos Hospitalares, Smallmed Serviços Médicos e Hospitalares Eireli, Hipermed Serviços Médicos e Hospitalares S.A, LV Serviços Médicos e Hospitalares e Ultramed Serviços Médicos e Hospitalares.
A movimentação financeira também se dava em contas bancárias de pessoas físicas, em geral vinculadas às empresas intermediárias, que se encarregavam de igualmente efetuar saques e emitir cheques, visando à dissimulação dos eventuais beneficiários.
As empresas LV, Ventura e Medpremium sofreram bloqueios que somados ultrpassam os R$ 5 milhões. Segundo a Justiça Federal, outras empresas de saúde foram poupadas para prevenir qualquer suspensão de atendimento nas unidades hospitalares de Cuiabá.
O ex-secretário de Saúde, Célio Rodrigues, teve a prisão cumprida na última quinta. Liandro Ventura continua foragido.
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