Durante depoimento na sessão de seu julgamento, o autor da chacina de Sinop (500 km de Cuiabá), Edgar Ricardo de Oliveira, detonou o advogado criminalista Marcos Vinícius Borges, conhecido como advogado ostentação, que chegou a patrocinar sua defesa. Edgar alegou que o jurista buscava publicidade quando aceitou defendê-lo.
A declaração foi feita depois que Edgar acusou Maciel Bruno de Andrade Costa, uma das sete vítimas, de ter instalado um programa espião em seu celular, o monitorando constantemente. O suposto aplicativo foi descoberto por um técnico de informática, amigo do réu.
Dada a importância da informação, o assistente de acusação Marcio Silva da Costa, questionou a Edgar o motivo pelo qual ele não havia arrolado o amigo como testemunha da defesa. Foi então que o réu afirmou que não teve ‘advogado’ e que Marcos Vinícius queria ‘mídia’.
Sem citar Marcos Vinícius nominalmente, Edgar afirmou que teve pouco contato com o advogado ostentação, que só teria conversado com ele pouco antes da audiência de instrução e julgamento.
“Eu nunca fui ouvido por ninguém. O primeiro advogado que estava no meu caso veio poucos dias antes da audiência de instrução, e eu não tive acesso a ninguém. Eu não consegui, ninguém me representou em nada. Eu nunca consegui arrolá-la nisso. Desde o início eu nunca consegui falar”, alegou.
Edgar ainda acusou o jurista de estar ‘contra ele’ por ter pedido para que o réu mentisse sobre a dinâmica dos fatos.
“Eu não tive advogado, meu advogado só usou meu nome e a minha imagem, ele foi contra mim praticamente, pediu para eu inventar”, declarou.
Edgar enfrenta o banco dos réus nesta terça-feira (15). Ele é acusado de ter matado sete pessoas depois de perder um jogo de sinuca em um bar de Sinop, no dia 21 de fevereiro de 2023, feriado de Carnaval. Entre as vítimas, está uma criança de 12 anos.
A sessão de julgamento começou pela manhã e deve se estender até à noite.
OUTRO LADO
Procurado pela reportagem, o advogado negou as acusações e afirmou que jamais teve uma atuação profissional irregular.
"Como advogado e criminalista, reafirmo que todas as teses podem e devem ser consideradas na defesa de um cliente. A mudança na tese defensiva, como ocorreu no caso de Edgar, é uma prática comum e aceitável, dado que o direito à ampla defesa é um princípio fundamental do nosso sistema jurídico. O tribunal do júri, por sua natureza, permite essa flexibilidade, permitindo que todas as nuances do caso sejam exploradas em busca da verdade e da justiça. No entanto, embora eu seja um defensor fervoroso dos direitos e garantias do acusado, não considerei viável que ele utilizasse um instrumento de defesa, que é o advogado, para justificar uma alteração de tese e explicar o motivo de não tê-la abordado anteriormente.
Nunca houve qualquer tipo de irregularidade na minha atuação como advogado. Pelo contrário, sempre atuei com o pleno aval do acusado, que me descreveu os fatos exatamente como foram abordados. Essa manobra não apenas desvia a responsabilidade, mas também distorce a verdade dos fatos, revelando uma tentativa clara de se eximir das suas próprias decisões.
Gostaria de esclarecer que a minha retirada da defesa ocorreu por motivos de foro íntimo e foi uma decisão de minha própria iniciativa. É importante ressaltar que houve uma completa resistência por parte do acusado, que expressou seu desejo para que eu continuasse atuando em sua defesa. Essa situação foi cuidadosamente considerada, mas optei por seguir meu caminho por razões pessoais", traz a nota na íntegra.
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