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Artigos Sábado, 12 de Abril de 2025, 08:36 - A | A

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Sábado, 12 de Abril de 2025, 08h:36 - A | A

LANE COSTA

Não vou me adaptar

LANE COSTA

Os Titãs cantam uma música, de 1984, composta por Arnaldo Antunes que embalou a minha juventude e de tantos outros que, por aqueles tempos, sonhavam com as liberdades democráticas, com as utopias coletivas e com a construção do ser feliz ou ser felicidade. Tudo que a gente queria era não se adaptar.

Quarenta anos se passaram e pra história isso é quase nada! É fato que, já não cabemos mais nas roupas de antes; as alegrias de ontem muitas vezes não são mais as nossas, mas sim daqueles que vieram depois; há dias em que acreditamos que o tempo, aquele que é o senhor da razão, passou lento demais, outros dias, achamos que ele voou. Tantas pessoas vieram, tantas se foram, poucas ficaram. O espelho nos revela que já não temos a cara que tínhamos antes, as rugas, os cabelos brancos e o olhar dos tempos vividos nos fitam os olhos que, por vezes, não reconhecemos. Nestes instantes, porém, percebemos o elo que nos conecta, o ontem e o hoje. Este elo chama-se consciência e ela ainda grita: Não vou me adaptar.

É ela, a consciência, que nos faz questionar, do alto de nossa maturidade, se durante todo este tempo, falamos o que ninguém dizia? Ou se escutamos o que ninguém ouvia? Digo isso, pois, é inconcebível chegarmos até aqui e naturalizarmos tudo aquilo que nos incomodava, que nos indignava, que nos rebelava. Para onde foi o nosso não vou me adaptar?

Será a nossa condição pequeno-burguesa, arduamente conquistada, que nos faz aceitar o negacionismo que assolou o Brasil, levou milhares à morte e ainda persiste entre nós? São as nossas novas associações profissionais e relações sociais que nos levam a nos calarmos diante de tantas imbecilidades, ditas e praticadas por figuras que transitam no nosso entorno, nos espaços de poder? Pensei que nós nunca fôssemos nos adaptar.

Houve um tempo em que ser diferente era nosso maior trunfo. Hoje, o que nos faz querer sermos mais dos mesmos? O que nos faz defender que a população se arme até os dentes, enquanto a nossa juventude, nossos filhos, nosso maior legado neste mundo, saia por aí ridicularizando o outro, atirando em pessoas de seu convívio, vivendo num mundo paralelo, quando à eles deveríamos oferecer educação, cultura e arte para qualquer parte de forma indiscriminada?

Como nos adaptar a este Brasil que defende golpistas e fascistas em detrimento daqueles que lutam e lutaram pela democracia? Como, eu pergunto, chegamos ao nível de fazer odes à torturadores, num país que viu desaparecer e tombar nos porões da ditadura, homens e mulheres que pensavam diferente do senso comum? Não posso me adaptar, achar normal e tratar como um caso sem importância, “um simples ato”, em que um chefe de Estado ou de Governo, seja ele quem for, erga seus braços em continência e saudação semelhante aos gestos utilizados pelos nazistas. E não! Não é “delírio ou má-fé”. Os atos foram praticados por homens maduros, cientes. O Brasil e o mundo inteiro viram, e eu não vou me adaptar!

Não posso me adaptar, não vou e não quero me adaptar. Sei que pelo menos alguém ouve o que eu tenho dito. Pelo menos alguém está dizendo as coisas que eu tenho escutado e, eu espero, alguém esteja lendo o que eu escrevo e sua consciência esteja dizendo: Eu também não vou me adaptar!

LANE COSTA é Professora do IFMT. Pedagoga, doutoranda em Educação pela UFG. É presidenta do PCdoB/Cuiabá e da Federação Brasil da Esperança/Cuiabá.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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