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Artigos Sábado, 08 de Fevereiro de 2014, 08:00 - A | A

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Sábado, 08 de Fevereiro de 2014, 08h:00 - A | A

Causos de Mato Grosso 5

Pereva

ANÍBAL ALENCASTRO






Gabriel Soares / Hipernotícias

Pereva era o seu apelido, pois, quando ainda muito criança, vivendo em Nossa Senhora da Guia, foi acometido de “bixiguinha”, um tipo de varíola dos mais cruéis, que deixava, como sequela, cicatrizes horríveis pelo corpo das vítimas de pereba – este o nome correto da doença.



Assim cresceu aquele menino feio, franzininho, e que, além de tudo, era fanhoso. Na escola, os coleguinhas sempre o perturbavam, fazendo caçoada do pobre coitado.


De vez em quando ele reclamava à sua mamãezinha, dizendo: “Não vou mais a escola, os meus colegas me criticam e debocham de mim, não quero mais estudar”.


Sua mãe, entendendo o seu martírio, sugeriu que como ele não queria ir mais a escola que fizesse outra coisa.


– Amanhã cedo você vai vender seus passarinhos na feira de Cuiabá, filho!...


Desde a saída dele da Guia, o motorista do ônibus começou a implicar com Pereva, advertindo-o para que não deixasse seus passarinhos sujarem o veículo.


E apesar de todos os sacrifícios e aborrecimentos, finalmente Pereva lá estava, na Feira de Cuiabá, expondo seus belíssimos passarinhos para vendê-los.


Logo a molecada das imediações da feira descobriu que Pereva era fanhoso e para ouvi-lo falar constantemente, perguntava: “Ô guri, o que é que o passarinho come?”


E o Pereva, com toda boa vontade e com sua “vozinha” fanhosa,explicava: “O passarinho come de tudo. Arroz, farelo, milho, tudo ele come...”


A gurizada ria, caçoando da voz fanhosa do coitado do Pereva.


Volta e meia voltavam os guris com a mesma pergunta, para irritar ainda mais o Pereva.


Por coincidência, aparece por lá naquele seu primeiro dia na feira um guri que não era do bando de moleques que provocavam Pereva, mas fazendo-lhe a mesma pergunta:


E Pereva, que já esteava tiririca de ódio, e pensando que eram os mesmos garotos que o incomodavam, respondeu com raiva: “O passarinho come de tudo! Arroz, farelo, milho, cu da mãe, cu do pai, tudo ele come...”


E o garoto, espantado e indignado com a resposta do Pereva, respondeu: “Você está me xingando? Vou contar pro meu pai...”


O menino saiu correndo pela feira e logo voltou com seu pai.


O pai do menino, zangado, repete a pergunta a Pereva,

– O que é que o passarinho come mesmo, menino?


E o Pereva respondeu sem pestanejar: “Arroz, farelo, milho, e tudo o mais que der pra ele...”


– E o cu da mãe, cu do pai, que você falou pro meu filho...”


Pereva, vendo-se em palpos de aranha, com toda sutileza respondeu: “Eu falei que eles comiam. Hoje eles não comem mais, só comem arroz, farelo, milho e nada mais...”


*ANÍBAL ALENCASTRO é geógrafo, pesquisador, escritor  e colaborador do HiperNotícias.

Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br

 

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José Bonifácio 10/02/2014

Que artigo mais pobre e sem nexo! Professor, V. Sa. já fora melhor em artigo anteriores, heim?

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1 comentários

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