Gabriel Soares / Hipernotícias |
Assim cresceu aquele menino feio, franzininho, e que, além de tudo, era fanhoso. Na escola, os coleguinhas sempre o perturbavam, fazendo caçoada do pobre coitado.
De vez em quando ele reclamava à sua mamãezinha, dizendo: “Não vou mais a escola, os meus colegas me criticam e debocham de mim, não quero mais estudar”.
Sua mãe, entendendo o seu martírio, sugeriu que como ele não queria ir mais a escola que fizesse outra coisa.
– Amanhã cedo você vai vender seus passarinhos na feira de Cuiabá, filho!...
Desde a saída dele da Guia, o motorista do ônibus começou a implicar com Pereva, advertindo-o para que não deixasse seus passarinhos sujarem o veículo.
E apesar de todos os sacrifícios e aborrecimentos, finalmente Pereva lá estava, na Feira de Cuiabá, expondo seus belíssimos passarinhos para vendê-los.
Logo a molecada das imediações da feira descobriu que Pereva era fanhoso e para ouvi-lo falar constantemente, perguntava: “Ô guri, o que é que o passarinho come?”
E o Pereva, com toda boa vontade e com sua “vozinha” fanhosa,explicava: “O passarinho come de tudo. Arroz, farelo, milho, tudo ele come...”
A gurizada ria, caçoando da voz fanhosa do coitado do Pereva.
Volta e meia voltavam os guris com a mesma pergunta, para irritar ainda mais o Pereva.
Por coincidência, aparece por lá naquele seu primeiro dia na feira um guri que não era do bando de moleques que provocavam Pereva, mas fazendo-lhe a mesma pergunta:
E Pereva, que já esteava tiririca de ódio, e pensando que eram os mesmos garotos que o incomodavam, respondeu com raiva: “O passarinho come de tudo! Arroz, farelo, milho, cu da mãe, cu do pai, tudo ele come...”
E o garoto, espantado e indignado com a resposta do Pereva, respondeu: “Você está me xingando? Vou contar pro meu pai...”
O menino saiu correndo pela feira e logo voltou com seu pai.
O pai do menino, zangado, repete a pergunta a Pereva,
– O que é que o passarinho come mesmo, menino?
E o Pereva respondeu sem pestanejar: “Arroz, farelo, milho, e tudo o mais que der pra ele...”
– E o cu da mãe, cu do pai, que você falou pro meu filho...”
Pereva, vendo-se em palpos de aranha, com toda sutileza respondeu: “Eu falei que eles comiam. Hoje eles não comem mais, só comem arroz, farelo, milho e nada mais...”
*ANÍBAL ALENCASTRO é geógrafo, pesquisador, escritor e colaborador do HiperNotícias.
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José Bonifácio 10/02/2014
Que artigo mais pobre e sem nexo! Professor, V. Sa. já fora melhor em artigo anteriores, heim?
1 comentários