A senadora Selma Arruda (PSL) afirmou que um dos motivos para a sua saída do partido foi um atrito com o filho do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o também senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ). A declaração foi feita em entrevista à Folha de São Paulo, publicada nesta sexta-feira (13).
De acordo com a publicação, a senadora, que é juíza aposentada, disse que foi pressionada pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), e pelo senador Flávio Bolsonaro, para retirar sua assinatura e inviabilizar a CPI da Lava Toga.
Ela destaca que o filho do presidente chegou a gritar com ela ao telefone em ligação no último dia 21. "Eu me recuso a ouvir grito, então desliguei o telefone”, disse ela.
“Não sei se compreendo muito bem por que razão ele teria feito isso. Ele é uma pessoa tão agradável, tão simpática”, pontuou Selma à Folha de São Paulo.
Na entrevista, a senadora diz que ainda está cogitando sua saída do PSL, entretanto, ela fala que além da relação estremecida com o Flávio, a falta de acolhimento dentro da sigla tem contribuído muito para sua possível desfiliação.
PSL SEM HISTÓRIA
“Vejo no PSL um partido que ainda não se estruturou como um partido. Ele não acolhe, ainda. É um partido muito novo, de muita gente sem história política. Não sabe o que é se comportar num partido. Nunca tive uma pessoa do partido para me defender publicamente. Você já viu alguma declaração do presidente do partido dizendo 'a senadora Selma tem todo o nosso apoio'? Não. Eles estão, evidentemente, me ajudando, inclusive pagando meu advogado. Mas não é uma coisa que você se sente acolhida, você sente solta”, ressaltou.
VINGANÇA DE DODGE
Nesta semana, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, emitiu um parecer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), se mostrando favorável, assim como a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), à cassação do mandato de Selma. Para a juíza aposentada, o parecer de Dodge seria um tipo de vingança.
“Em tese, a procuradora-geral não teria motivos para ajudar o presidente, já que ela foi preterida na escolha para a PGR. A não ser que este parecer já estivesse pronto bem antes, quando ainda havia alguma esperança e, depois, acabou indo por descuido de alguém. Já li também uma outra posição em que alguém diz que é vingança, porque ela teria sido preterida, então ela resolveu perseguir os bolsonaristas”, concluiu.
Conforme a decisão de abril deste ano, do TRE-MT, Selma Arruda e os suplentes Gilberto Eglair Possamal e Clérie Fabiana Mendes cometeram abuso de poder econômico e prática de caixa 2 de campanha ao realizarem despesas de natureza tipicamente eleitoral no valor de R$ 1,5 milhão, não contabilizadas oficialmente na prestação de contas, inclusive, em período vedado de gastos (na fase de pré-campanha).
O limite de gastos para o cargo de senador nas eleições de 2018 em Mato Grosso era de R$ 3 milhões, segundo uma resolução do TSE. Somente a captação ilícita de recursos pela chapa encabeçada por Selma Arruda alcançou o percentual de 50% do teto de gastos para a disputa, o que revela a gravidade da conduta. Em comparação com o valor total de gastos declarados pela campanha – R$ 1.704.416,93 –, o montante de despesas não declaradas atingiu 72,29% desse valor.
Veja a entrevista de Selma Arruda na íntegra aqui.
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