O tesoureiro do Comando Vermelho em Mato Grosso, Paulo Witer Farias Paelo, conhecido como 'WT', comprava carrões de luxo e imóveis e registrava em nome dos ‘braços jurídicos’ da facção criminosa. Uma das juristas, Fabiana Félix de Arruda Souza, valia-se da profissão para facilitar a ocultação de bens pela organização criminosa. Além dela, o advogado Jonas Cândido da Silva, que tinha renda declarada de R$ 4 mil, fez transações milionárias no período de dois anos em que foi alvo da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) da Polícia Civil.
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Fabiana e Jonas foram presos no âmbito da 'Operação Apito Final', na última terça-feira (2). Ela foi detida na casa dos pais, em São José dos Quatro Marcos (309 km de Cuiabá). Já Jonas foi pego em Maceió ao prestar apoio jurídico ao seu cliente WT, que foi detido no último dia 29.
Ao todo foram expedidos 54 mandados, incluindo 25 ordens de prisão - sendo 20 cumpridas - e 29 de busca e apreensão. Dentre os bens apreendidos estão 13 carros, entre caminhonetes, SUVs, um jetski e veículos de luxo, que estavam adesivados com os nomes dos pré-candidatos do CV à vereança em Cuiabá.
De acordo com a apuração, o esquema foi descoberto depois que WT foi preso dirigindo um veículo Mitsubishi Pajero Sport, registrado em nome de Fabiana. Inclusive, a polícia identificou que o mesmo carro estava escondido em uma das propriedades de Paulo Witer, enquanto ele estava foragido da Justiça.
Fabiana também foi utilizada como ‘laranja’ na compra de um Toyota Corolla, registrado no nome dela, mas que era de propriedade de WT. A jurista chegou a alertar o criminoso sobre a presença de policiais na casa dela, que a questionaram sobre a verdadeira propriedade de um dos carros.
“Fabiana troca mensagens com Paulo sobre a propriedade dos veículos que, segundo a autoridade policial, estão registrados em nome da advogada, em que pese sejam de real propriedade de Paulo, demonstrando que sua atuação ultrapassa a exigida pelos representantes da Ordem dos Advogados. Há evidências fortes de que Fabiana utiliza a digna profissão de advogada para além de integrar a ORCRIM valer-se do seu registro profissional para ocultação de patrimônio ilícito em prol do crime”, traz trecho da decisão judicial que autorizou a Operação Apito Final.
JONAS CÂNDIDO
O advogado Jonas Cândido foi apontado como o ‘testa de ferro’ da organização criminosa. Está em nome dele a luxuosa residência do casal WT e Cristiane Patrícia Prins, localizada no Condomínio Primor das Torres, em Cuiabá. Além da ocultação da verdadeira propriedade do imóvel, o bem foi declarado por um valor muito inferior ao de mercado, segundo apuração.
A quebra do sigilo bancário revelou que o jurista realizou transações bancárias com os demais alvos da operação na importância de R$ 1.561.568,72 em créditos e R$ 1.560.784,10 em débitos. Contudo, o último salário lícito declarado foi de R$ 4 mil, quando foi servidor da Câmara Municipal de Cuiabá.
Segundo informações do Portal da Transparência da Câmara, Jonas atuou no gabinete do ex-vereador Ricardo Saad, do PSDB.A investigação também expôs que era a intenção de Jonas retornar ao Legislativo Cuiabano. Isso porque, ele tinha a intenção de se lançar como vereador. Alguns veículos apreendidos pela polícia estavam com adesivos com seu nome.
Tido como ‘homem de confiança’ de WT, os dois foram flagrados, pela investigação, curtindo um show da dupla sertaneja Zé Neto e Cristiano, em março de 2022, em Cáceres (220 km de Cuiabá). A parceria é tanta, que Jonas foi preso ao ser identificado como um dos integrantes do grupo criminoso ao perder apoio jurídico a WT, em Maceió. Horas antes, ele chegou a postar um vídeo no Instagram em que aparece ‘turistando’ na Capital Alagoana.
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