Para ser válida, a votação do impeachment precisa da participação de, pelo menos, dois terços da Assembleia, equivalente a 200 legisladores. Os partidos de oposição que apresentaram conjuntamente a moção de impeachment controlam 192 das 300 cadeiras da legislatura, o que significa que precisam de pelo menos oito votos adicionais do PPP de Yoon. Mas muitos deles foram vistos deixando a Assembleia Nacional antes do início da votação.
Alguns legisladores foram até o gabinete do partido de Yoon pedir para que comparecessem à votação. De acordo com a agência de notícias Reuters, apenas três parlamentares aliados ao governo participaram do processo. Pelo menos um deles - Kim Sang-wook - afirmou ter votado contra o processo de impeachment.
A tentativa de votação aconteceu horas depois que Yoon emitiu um pedido público de desculpas após a sua tentativa de impor a lei marcial, dizendo que não se esquivaria da responsabilidade legal ou política pela declaração e prometendo não fazer outra tentativa de impor a lei marcial.
Na manhã deste sábado, Yoon disse que deixaria a cargo de seu partido traçar um rumo para a turbulência política do país, "incluindo assuntos relacionados ao meu mandato".
"A declaração desta lei marcial foi feita em meu desespero. Mas no decorrer de sua implementação, ela causou ansiedade e inconveniências ao público. Sinto muito por isso e peço desculpas sinceras às pessoas que devem ter ficado muito chocadas", disse Yoon.
Desde que assumiu o cargo em 2022, Yoon, um conservador, tem lutado para fazer sua agenda passar por um parlamento controlado pela oposição e enfrentado baixos índices de aprovação em meio a escândalos envolvendo ele próprio e sua esposa. Em seu anúncio da lei marcial na noite de terça-feira, 3, Yoon chamou o parlamento de "antro de criminosos" que atrapalha os assuntos do Estado e prometeu eliminar os "seguidores desavergonhados da Coreia do Norte e as forças antiestatais".
A turbulência resultante da manobra de Yoon paralisou a política sul-coreana e gerou alarme entre os principais parceiros diplomáticos, incluindo o vizinho Japão e os Estados Unidos, principal aliado de Seul, já que uma das democracias mais fortes da Ásia enfrenta uma crise política que pode destituir seu líder.
O índice de aprovação de Yoon atingiu um mínimo de 17% no mês passado, de acordo com o jornal sul-coreano Dong-A Ilbo. Os presidentes sul-coreanos têm um mandato de cinco anos, o que significa que ele não poderá concorrer à reeleição.
Lei marcial
Na noite de terça-feira, tropas das forças especiais cercaram o prédio do parlamento e helicópteros do exército pairaram sobre ele, mas os militares se retiraram depois que a Assembleia Nacional votou unanimemente pela revogação do decreto, forçando Yoon a suspendê-lo antes do amanhecer de quarta-feira. A declaração de lei marcial foi a primeira desse tipo em mais de 40 anos na Coreia do Sul.
Dezenas de milhares de pessoas lotaram as ruas próximas à Assembleia Nacional, empunhando faixas, gritando slogans, dançando e cantando músicas de K-pop com letras alteradas para pedir a destituição de Yoon. Os protestos cresceram na tarde de sábado, com os trens do metrô não parando nas estações próximas à Assembleia devido ao aumento repentino da multidão.
Uma multidão menor de partidários de Yoon, que ainda parecia estar na casa dos milhares, se reuniu em ruas separadas em Seul, condenando a tentativa de impeachment que consideravam inconstitucional.
Os legisladores da oposição afirmam que a tentativa de lei marcial de Yoon foi equivalente a um autogolpe e elaboraram a moção de impeachment com base em acusações de rebelião.
Lee Jae-myung, líder do principal partido liberal de oposição, o Partido Democrático, disse aos repórteres que o discurso de Yoon foi "muito decepcionante" e que a única maneira de avançar é sua renúncia imediata ou impeachment./AP e Post
(Com Agência Estado)
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