Apesar da deterioração nas expectativas no relatório Focus desta segunda-feira, 23,, Pedro Moreira, sócio da One Investimentos, pontua que já era esperado uma piora nas estimativas que tem ocorrido há semanas. "Já era de se esperar, não mudou muita coisa. Hoje a liquidez deve reduzir e provavelmente na semana como um todo, devido ao Natal. Poderemos ver menos atuação do Banco Central no câmbio", diz, lembrando que na sexta-feira os leilões do BC e do Tesouro ajudaram a amenizar as pressões para cima no dólar e nos juros futuros.
Com as folgas natalinas, a agenda está esvaziada e o volume de negócios na B3 deve ser reduzido. Aqui, a B3 fecha na terça-feira, 24, e depois. No exterior, também há poucas divulgações que podem influenciar os mercados, em meio ao feriado de Natal - nesta terça as bolsas fecham mais cedo em Nova York, só reabrindo na quinta-feira. Os mercados do Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Portugal, Coreia do Sul e Hong Kong também não terão pregão na quarta-feira, 25.
A alta de 0,84% do minério de ferro hoje em Dalian, na China, atenuar um pouco a queda do Ibovespa. Vale subia 0,49% perto das 11h, enquanto Petrobras avançava entre 0,27% (PN) e 0,10% (ON) apesar do recuo de 0,50% do petróleo no exterior. Os índices futuros de ações norte-americanos também tinham viés de baixa.
Dentre os destaques da pesquisa Focus divulgada nesta segunda-feira, a mediana para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 subiu pela 10ª semana consecutiva, de 4,60% para 4,84% - acima do teto da meta, de 4,50%.
Em relação à taxa Selic, houve avanço da mediana das estimativas para o final de 2025, de 14,00% para 14,75% - atualmente está em 12,25% ao ano. Para o final do ciclo, foi de 14,25% para 15% ao ano.
Em meio a sinais de que o governo não reduzirá os gastos públicos, o economista-chefe da Blue3, Roberto Simioni, estima que as expectativas de inflação continuarão subindo e desancoradas, exigindo maior esforço do Banco Central. "O Comitê de Política Monetária, o Copom, deu guidance para os próximos encontros, de mais duas altas de um ponto porcentual em cada um deles", diz
Contudo, pondera que os gastos públicos tendem a continuar subindo, refletindo nas expectativas. "Para trazer a inflação para ao menos dentro da meta, 14,25% pode ser pouco. Talvez precise esticar a Selic entre 15,25%, 15,50%", analisa Simioni.
Diante do quadro de cautela dos investidores, o dólar já registra alta de mais de 1,00% e chegou à máxima de R$ 6,1622 mais cedo e contaminava os juros futuros. Assim, ações mais sensíveis ao ciclo econômico na B3 são pressionadas para baixo, caso de Azul PN (-5,77%) e Azzas (nasceu da fusão entre Arezzo&Co), que caia 3,74%.
Na sexta-feira o Ibovespa fechou em alta de 0,75%, aos 122.102,15 pontos, mas encerrou a semana em queda de 2,01%. A elevação diária foi atribuída em parte à afirmação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que a nova gestão do Banco Central terá total autonomia e ao indício de que não haveria paralisação do governo americano, o que de fato foi confirmado.
"Hoje pode ter uma pequena correção, em dia com menos liquidez mas sem nenhuma notícia importante nova. A semana não tem grandes divulgações, só na sexta-feira quando sairá o IPCA-15 de dezembro e dados de emprego. Mas como o mercado tende a ficar morno por causa das folgas de final de ano, os resultados podem ter efeito limitado nos mercados", estima Pedro Moreira, da One.
Às 11h03 desta segunda-feira, o Ibovespa caía 0,74%, aos 121.197,88 pontos, ante recuo de 0,79%, aos 121.139,14 pontos, na mínima. A máxima de abertura foi em 122.104,68 pontos, com variação zero. Só 12 ações subiam, de um total de 87.
(Com Agência Estado)
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