A segunda edição do Prêmio Jejé de Oyá, que homenageará quatros importantes artistas do cenário cultural, será realizada em 29 abril, em Cuiabá. Enquanto o grande dia não chega, o HNT, movido pela expectativa, antecipa a trajetória de uma das homenageadas do ano, a rainha do Carnaval Cuiabano Izzy Lima.
Izzy Lima tem 43 anos. É dançarina, professora de capoeira, passista internacional e rainha do Carnaval de Cuiabá desde 2019. Em 2013, representou Cuiabá no desfile da Estação Primeira de Mangueira, quando a escola homenageou a capital em seu enredo.
Ao HNT, a artista se emociona ao lembrar do primeiro contato com a dança. Para ela, a inserção no mundo cultural foi espontânea, já que toda família é formada por artistas.
“Surgiu de forma natural e espontânea, porque venho de uma família de artistas e também porque minha família é oriunda de africanos, de religião africana, de dança, de arte e, por esses motivos, o interesse foi natural e espontâneo, nada forçado”, destacou.
Rainha do Carnaval de Cuiabá desde 2019, Izzy carrega o título com honra. É a única a conquistar o reinado cinco vezes seguidas.
“Ser rainha do Carnaval mais hospitaleiro do Brasil é uma grande honra, é um sonho que eu sempre tive e, com muita persistência e naturalidade, consegui conquistar e Deus me presenteou. Sou a única rainha cinco vezes seguidas da história da cidade e, por isso, tenho muita honra e respeito por poder representar a Capital”, emendou.
MEU SAMBA É MADEIRA, É JEQUITIBÁ
É POESIA DEDICADA A CUIABÁ
Cuiabá ficou pequena diante de tanto talento. Em 2007, Izzy atravessou oceano, ocasião em quem chegou à China para representar o samba brasileiro. Daquela vez, não como rainha, mas como convidada, devido à sua representatividade. Em 2013, desfilou na Escola de Samba da Mangueira. Naquela época, Cuiabá havia sido homenageada como samba enredo.
“Foi muito incrível ter a experiência de viajar para um país do outro lado do oceano, representar o samba com pessoas incríveis também, músicos e passistas de blocos e escolas de samba de Cuiabá e estar presente com outras pessoas de outros países, ter essa troca de culturas. Foi gratificante e emocionante para mim e, em 2013, fui para o Rio de Janeiro desfilar na escola de samba da Mangueira, porque Cuiabá foi homenageada pela escola. A satisfação de estar na Sapucaí no Carnaval carioca é surreal e foi emocionante demais para mim, porque passou um filme na minha cabeça, eu lembrei de quando eu comecei a sambar, com 4 anos de idade, quando minha irmã mais velha me levava para pular Carnaval matinê no Sesi e chegar aonde cheguei naquele momento da minha vida, de desfilar em uma escola de samba tradicional, é algo que nunca vou esquecer na vida”, emociona-se.
Ela também viaja rotineiramente ao México. Lá, trabalha como passista internacional e também como rainha do Carnaval de Cuiabá, dançando em hotéis e resorts de Cancun, Tulum e Playa Del Carmen.
PREMIAÇÃO
Ser homenageada no Prêmio Jejé de Oyá representa, para a artista, reconhecimento e muita responsabilidade. Ao destacar a importância da premiação, ela faz apelo aos Poderes Públicos para que não se esqueçam da cultura, cobrando mais investimentos ao setor.
“Admito que é uma responsabilidade muito grande, mas me sinto super feliz pela homenagem. A única coisa que tenho pra dizer sobre a cultura cuiabana, que é linda como as demais culturas desse Brasil inteiro, cada uma com suas particularidades, mas porém linda e que traz suas tradições nas danças e cantigas. Que sejam lembrados os personagens que fizeram parte da história e da cultura de Cuiabá. A cidade recebe e recebeu pessoas de todo o Brasil e do mundo que ajudaram a construir essa cidade. Alguns personagens se destacaram e precisa do incentivo da prefeitura e do governo para não deixar essa cultura morrer, para que as crianças nas escolas saibam de onde vieram seus pais, de onde vieram seus avós, o porquê da nossa música, o porquê do nosso esporte, da nossa dança, da nossa comida, e o trabalho tem que ser feito na base, nas escolas, para que a cultura cuiabana e mato-grossense não se perca no decorrer dos anos”, finalizou.
OUTROS HOMENAGEADOS
Além de Izzy, serão homenageados no prêmio Justino Astrevo de Aguiar, conhecido como "Lau", autor, diretor, roteirista e gestor cultural; Marcio do Nascimento Ferreira, engenheiro civil, gerente regional da Vanguard em Cuiabá MT; Naíse do Vale Santana, graduada em nutrição, regente de coral, especialista em iniciação a musicoterapia e servidora aposentada da UFMT. Ao longo das próximas semanas, o HNT destaca a trajetória dos demais homenageados.
MAIS SOBRE O PRÊMIO
O Prêmio Jejé de Oyá foi criado para reconhecer as personalidades negras de Cuiabá e da Baixada Cuiabana pelas histórias de luta, resistência, produção independente, capacidade criativa, empreendedorismo comercial e cultural, conhecimento educacional científico, merecimento e pertencimento étnico racial-religioso. Nesta edição, seis personagens de destaque social foram homenageados e profissionais que se destacam em dez áreas de atuação serão premiados, após serem escolhidos por um júri técnico que observou pontos relevantes como: sociedade, profissionalismo, competência e comprometimento.
JEJÉ DE OYÁ
José Jacintho Siqueira de Arruda, colunista social, alfaiate e carnavalesco, filho biológico do casal Egídio Nunes de Arruda e Benedita de Siqueira, nasceu em Rosário Oeste, em 3 de junho de 1934. Ainda criança, foi acolhido em Cuiabá na casa de Catarina Monteiro da Silva Cuiabano, onde foi adotado por Crescêncio Monteiro da Silva e Luiza Monteiro da Silva.
Figura histórica do Carnaval cuiabano, desfilou nos bailes, clubes, blocos e avenidas da cidade de 1954 a 2010. Participou de grandes e importantes momentos da história social e política mato-grossense. Jejé, como era conhecido desde criança, marcou sua época como símbolo maior da luta contra o preconceito racial e sexual. Ganhou a simpatia da Capital sendo eleito, em consulta popular do jornal Diário de Cuiabá, como a personalidade que tinha a “cara da cidade”. Entre outras honrarias públicas, foi condecorado como comendador do Comércio Mato-grossense e, após seu falecimento, em 11 de janeiro de 2016, em sua residência, em Cuiabá, o governo do Estado sancionou uma lei reconhecendo o decano Jejé de Oyá como patrono do Colunismo Social Mato-grossense.
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