Hidemaro Ivan Jose Shanchez Camaho, de 50 anos, espancado e morto brutalmente por quatro vigilantes da Rodoviária de Cuiabá, no dia 3 de fevereiro tinha uma grande responsabilidade em sua vida: cuidar dos seis filhos, todos menores de idade, que residem em Cuiabá. O episódio doloroso para a família, além de interromper a vida do venezuelano que residia há três anos em Mato Grosso, impediu o seu reencontro com os filhos que ele não via há mais de um ano.
O HiperNotícias conversou com a irmã e a ex-esposa de Hidemaro, mãe de quatro dos seus seis filhos, Margareth Sanchez e Jenny Queralez. O imigrante residia a mais de um ano em Nova Mutum (a 240 km de Cuiabá), e desde então estava separado de Jenny, mas ela afirma que ele se manteve trabalhando e como provedor da casa da família, na capital.
A família, composta por Hidemaro e Jenny, e os quatro filhos de 10, sete, cinco e três anos, veio para o Brasil a sete anos para fugir da falta de emprego que os relegava a situações de extrema necessidade. Há dois anos, eles conseguiram trazer a ex-esposa, e mãe dos dois filhos mais velhos de Hidemaro, de 17 e 14 anos, para o Brasil. Todos moram próximos, no Bairro Novo Terceiro.
Ao desembarcar na rodoviária, o homem iria seguir para ver os filhos e levava com ele presentes, como um celular novo para o mais velho. Porém tudo que ele trazia com ele, bagagem, documentos, e até o aparelho telefônico foi extraviado.
“Conhecia ele há mais de 11 anos. Na Venezuela ele era motorista de ônibus e eu trabalhava em casa de família. No Brasil eu fiquei responsável pelo cuidado dos filhos e da casa e todo o custeio era feito por ele. Ele ainda colaborava com os filhos maiores. Sempre foi um bom pai, provia tudo que a família precisava”, desabafa Jenny, que agora não sabe como irá fazer para garantir o sustento das crianças.
Ela conta que o último dinheiro que “entrou em casa” foi no início de fevereiro com um “acerto” feito por Hidemaro. Até então ele trabalhava em um frigorífico e residia em Nova Mutum. O plano do pai era passar uma semana com os filhos e depois retornar ao Nortão do Estado para começar a trabalhar em outra empresa.
“Nunca faltou trabalho para ele e nem nada em casa desde que chegamos no Brasil, porque ele sempre correu atrás. Ele não era um morador de rua
, nem usuário de drogas”, defende Jenny.
O mais difícil foi mentir para os filhos. “Eu não falei a verdade. Eu falei para os mais velhos que o pai faleceu, mas não na magnitude da crueldade que ocorreu. As pequenas ainda não sabem. Minha filha de cinco anos pede para ligar para o pai e eu minto que o celular dele está quebrado”, relata emocionada.
Na última sexta-feira (14) ela esteve no Fórum da Capital para ser atualizada sobre o caso. Conforme Jenny, os acusados continuam presos, mas ainda não foram ouvidos, o que é motivo de grande angústia para a família que ainda tenta entender o que aconteceu para resultar no ataque bárbaro.
“Se é como eles falam que ele chegou alterado, o que eu duvido. Se ele chegou alterado, eles como segurança não deveriam ter feito o que fizeram com ele. Tudo que fizeram com ele foi crueldade”, lamenta a ex-esposa.
“Era um homem trabalhador e vivia para seus filhos", afirmou Margareth que ainda desabafou sobre a dor de perder o irmão e pediu justiça. Para ela, é muito difícil ver a notícia sobre a sua morte de Hidemaro ser distorcida por algumas versões que indicam que ele seria um morador de rua ou usuário de drogas.
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"O que a gente gostaria é que a verdade sobre o meu irmão saísse na imprensa, porque o que sai é que não sabem se ele era morador de rua e o que ele estava fazendo em Cuiabá. Queremos que o povo saiba a verdade e possa nos ajudar com o caso", desabafou Margareth.
Emocionada, ela também comentou sobre o impacto de ver os vídeos que circulam na internet, mostrando a brutalidade com que Hidemaro foi assassinado. "É de partir o coração assistir aos vídeos de como ele foi assassinado", lamentou a irmã, ao relembrar o crime.
A família de Hildemaro busca, além de esclarecimentos sobre o assassinato, justiça para que os responsáveis pelo homicídio sejam punidos. E que a verdade prevaleça, para que a memória de Hildemaro seja respeitada e sua história não seja esquecida.
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