A mãe do jovem Rodrigo Claro, que morreu em 2016, também na Lagoa Trevisan, em Várzea Grande, durante treinamento do Corpo de Bombeiros, questionou as autoridades competentes de Mato Grosso sobre "qual será a próxima família a enterrar um filho", diante da morte de mais um aluno soldado da corporação. Nesta terça-feira (27), foi o caso de Lucas Veloso Peres, de 27 anos, que morreu depois de passar mal enquanto fazia treinamento aquático no mesmo local.
"Tudo volta ao que eu vivi há sete anos atrás (sic). Não é mais um caso isolado. Quantos outros vão morrer? Qual vai ser a próxima família a enterrar um filho?", questionou Jane Claro aos prantos, em entrevista concedida à Rádio Vila Real, na manhã desta quarta-feira.
Lucas Veloso Peres morreu durante treinamento aquático, na Lagoa Trevisan, em Várzea Grande. Conforme reportado pelo HNT, ele havia alertado aos instrutores do curso que não estava se sentindo bem. Capturas de tela, de conversas em grupo de mensagens de outros participantes do curso, dão conta de que a causa da morte seria a prática de "caldo", uma técnica em que os soldados são submetidos a sessões de afogamento, com a cabeça mergulhada na água para obter resistência.
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"Chega de tanta barbaridade! Treinamento é para ensinar e não para matar, é uma irresponsabilidade do Estado. Um bandido quem está fazendo isso", bradou Jane Claro.
A mãe de Rodrigo Claro, vítima de um dos "treinamentos" dos bombeiros, também se manifestou por meio das redes sociais, ao tomar conhecimento do caso de Lucas Veloso Peres. "Eu consigo imaginar a dor dessa mãe", disse.
A Secretaria de Estado de Segurança Pública se manifestou por meio de nota, dizendo que investiga a morte de Lucas Veloso.
Procurado, o Corpo de Bombeiros ainda não falou sobre o caso.
CASO RODRIGO CLARO
Conhecido como 'Caso Rodrigo Claro', a morte do jovem aspirante a bombeiro que morreu em 2016, também durante um treinamento na Lagoa Trevisa, depois de ter sido submetido a uma sessão de afogamento. Na época, o jovem havia dito que não estava respondendo à atividade, porém, ainda assim, foi forçado a se manter na lagoa.
Segundo a denúncia do Ministério Público, os exageros da tenente bombeiro Izadora Ledur, responsável pelo treinamento à época, contribuíram para a morte do aluno. A militar, que foi condenada por maus-tratos contra Rodrigo Claro, teve a punibilidade da condenação extinta.
A mãe de Rodrigo Claro teceu duras críticas ao Poder Judiciário depois que o juiz João Bosco Soares da Silva, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, extinguiu a punibilidade da militar bombeiro, condenada por maus-tratos ao aluno.
Em um desabafo encaminhado à reportagem do HNT à época, Jane Claro lamentou a morosidade da Justiça, que garantiu impunidade à tenente, condenada a um ano de prisão pelos maus-tratos que culmiaram na morte de seu filho.
"A Justiça tarda mas não falha, reza o ditado popular. Ou melhor, rezava. Hoje, os brasileiros sabem que só a primeira metade desse ditado continua verdadeira. No Brasil, a Justiça tarda tanto que na maioria das vezes não chega", disparou a mãe.
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