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VULNERÁVEIS

Capivaras no Pantanal ficam louras por causa do sol e queimadas

Volta da chuva e uma menor exposição ao sol podem deixar as capivaras na tonalidade normal

JOLISMAR BRUNO
DA REDAÇÃO

Capivaras no Pantanal de Mato Grosso ganharam uma tonalidade amarelo-claro e dourada diante da exposição ao sol no ano passado, em meio à estiagem severa. As roedoras semiaquáticas são conhecidas pela pelagem castanha ou ruiva. Em 2024, Cuiabá ficou 160 dias sem chuva. Além disso, a Capital bateu recordes de calor. 

LEIA MAIS: Brasil vive ano mais quente em 64 anos e Cuiabá atinge 43,1º C

No Pantanal, os animais ainda sofreram com incêndios. O ecólogo Juliano Bogoni, professor da Universidade do Estado do Mato Grosso (Unemat) e da Rede de Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Bionorte), diz que a lourice das capivaras expõe os efeitos da inclemência do clima sobre a fauna.

Foto: Fernando Dezan Ribeiro

Pauta foto

 

"Pensamos na adaptação de seres humanos. Mas os animais também sofrem e têm ainda menos chance de se proteger do que nós. Tudo acontece muito depressa e com intensidade", destaca Bogoni.

Sem sombra e água fresca, aconteceu com a pelagem das capivaras um clareamento semelhante ao que ocorre com cabelos humanos sob exposição prolongada à radiação ultravioleta do Sol. Os raios UV degradam a melanina, pigmento protetor que existe na pele e nos pelos. A cor e a proteção diminuem à medida que a melanina é degradada. E as capivaras acabaram louras, no tom dos extremos climáticos.

MAIOR VULNERABILIDADE

O louro da cor dos extremos não tem o viço do castanho original. Perdeu o pigmento e a textura. Além disso, as capivaras ficaram com a pele mais ressecada e sujeita a desconforto. As capivaras se tornaram louras, desconfortáveis e também mais vulneráveis.

"Vemos só a mudança de cor. Mas a seca e o calor têm impacto fisiológico muito maior do que isso. Geram perdas metabólicas, os animais precisam fazer alterações em sua termorregulação. Tendem a mudar o horário de atividade e ficar mais noturnos. Diminui a disponibilidade de alimentos, há mais estresse térmico", disse. 

Bogoni diz que as louras são mais chamativas que suas irmãs castanhas e, assim, vulneráveis à sua maior predadora, a onça-pintada. A mudança de cor não é permanente. A volta da chuva e uma menor exposição ao sol podem deixar as capivaras ruivas e castanhas de novo. Porém, à medida que a mudança do clima avança e transforma ecossistemas, os animais perdem habitats.

Para as capivaras e todos os bichos do Pantanal, as chuvas são questão de sobrevivência. Sem elas, não há cheia, e sem cheia, não existe Pantanal. "A seca prolongada e extrema provoca mudanças profundas na fauna adaptada à água", afirmou.

Ainda vai demorar para que muitas das áreas pantaneiras castigadas pela seca inundem, afirma Ibraim Fantin, coordenador do Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT).

"Está chovendo agora e algumas áreas já estão com água, mas viemos de um período muito seco. Por isso, mesmo que chova na média, não será tão rápido", explica Fantin.

Com informações O Globo 

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