O cuiabano Carlos Wagner não vai mais para o planeta Marte. Selecionado para a segunda etapa do programa Mars One, que pretende colonizar o planeta vermelho, Carlos foi cortado no terceiro exame. O nome dos 100 candidatos aprovados na terceira fase seletiva foi divulgado nesta segunda-feira (16), com apenas uma brasileira na lista, a rondoniana Sandra Maria Feliciano, 51 anos.
"Fui pego de surpresa com essa notícia. Estava treinando e me preparando para as fases finais. Gostaria de estar ao menos entre os 100 finalistas, mas tudo bem. Agora vou me preparar para a próxima, afinal eles estão preparando uma colônia humana, que deverá estar bem povoada nas próximas três décadas", disse Carlos.
Marcos Lopes/HiperNotícias
O cuiabano esteve treinando durante os últimos meses para poder se classificar nas fases finais do programa, que exigem muita resistência física, para se adaptar às condições do espaço. Sem o efeito da gravidade, o corpo começa a perder massa muscular e óssea, o que poderia causar problemas ao corpo dos astronautas.
Apesar do preparo, Carlos 'bombou' no teste de aptidão psicológica, afinal o desafio é muito grande. Imagine embarcar em uma viagem sem volta para um ambiente totalmente inóspito e, na viagem, ficar trancado por mais de um ano com outras três pessoas em um espaço menor que um apartamento popular (70 m²). Além disso, não há garantia de sobrevivência e todos os seus amigos se resumirão aos outros 23 astronautas que também conseguiram chegar a Marte, se chegarem.
"Sabe-se que no espaço a gente perde muita passa e estrutura óssea. Na estação espacial internacional eles têm os aparelhos de ginástica e têm que praticar todos os dias, para evitar essas perdas. Mas isso são algumas semanas. Experiência semelhante a essa, acima de dois anos no espaço, só os russos tiveram, na época da estação espacial MIR", explica.
QUEM É CARLOS 'MARCIANO'?
Carlos Wagner Ribeiro tem 28 anos e é fascinado por astronomia desde os sete. Acompanhando constantemente os noticiários do ramo, descobriu o programa Mars One e inscreveu-se para ser um dos pioneiros do planeta vermelho. Para Carlos, a iniciativa é comparável às expedições europeias que chegaram na América no final do século XV.
"É uma viagem que tem muitos riscos. Nós vamos, praticamente, como aqueles navegantes. Eles não sabiam que a Terra era redonda, achavam que podia chegar em um lugar em que o mar iria despejar os barcos em um poço sem fim. Mais ou menos como a viagem para Marte, cheia de mistérios. É uma das maiores aventuras da humanidade. Até então só fomos para a lua, agora vamos para outro planeta. Talvez essa viagem inicial sirva de sustentáculo para que nós, a humanidade, possamos criar tecnologias mais eficientes", conta.
Reprodução/Facebook
Carlos é concursado da Secretaria Estadual de Assistência Social. Formado em Serviço Social e Direito, têm como hobby a observação dos planetas, estrelas e corpos celestes. Ele conta que desde que a história surgiu na mídia, começaram as brincadeiras, mas tudo com certo respeito.
"Muito legal, pois acaba entrando em um clima festivo, de comemoração. As pessoas ficam felizes de ter um conterrâneo escolhido para alguma coisa. Recebi críticas, construtivas e destrutivas, mas também elogios", conta.
Apesar de não ter sido selecionado ir pra Marte, Carlos não desiste de viver no mundo da lua. Ele tem um planetário móvel que leva às escolas para mostrar às crianças os milagres do universo. Além disso, ele diz que sempre está com um telescópio apontado para as estrelas, às vezes nas praças, para popularizar, às vezes em casa.
"Quando nós temos sonhos, e acreditamos neles, nós vamos atrás. Por mais difícil que seja, a vontade de superar limites e desafios sempre foi o mote inicial da espécie humana. Não foi a toa que chegamos até aqui. Não existe nada impossível. Da minha parte, ficarei feliz se souber que alguém viu meu caso e se inspirou para se dedicar às ciências".
SOBRE A COLONIZAÇÃO
Mars One é uma organização não-governamental fundada pelo holandês Bas Lansdorp, com o intuito de estabelecer uma colônia humana em Marte e ocupá-la a partir de 2025. Apesar do alto custo do projeto, estimado em US$ 6 bilhões, a organização se recusa a receber verbas governamentais, alegando que pretende manter sua independência e evitar burocracia.
Desta forma, o projeto será financiado através da exploração midiática, provavelmente sob o modelo de reality show. Outras fontes de patrocínio são doações e exploração de direitos intelectuais de tecnologias desenvolvidas pela organização, além da venda de produtos com a marca Mars One.
Reprodução/Mars One
Representação artística mostra como será o habitat dos colonizadores de Marte
O cronograma original da missão, que já está atrasado, conta com o lançamento da primeira nave não-tripulada em 2018, contendo um veículo que irá escolher o melhor local para a construção da colônia. O primeiro vôo com humanos está previsto para sair em 2022 e aterrisar em Marte em 2023.
Mais de 200 mil pessoas de todas as partes do mundo se voluntariaram para participar do projeto de colonização. Após três fases seletivas, a organização anunciou o 'Mars 100', grupo que receberá treinamento e participará de testes em ambientes similares ao que será encontrado em Marte. Somente 24 irão viajar para o planeta vermelho.
Rute Arruda 22/02/2015
As vezes não sabemos o quanto é grande os sonhos de algumas pessoas então acredito que somos livres para decidirmos o vamos fazer das nossas vidas independente da opinião do próximo quero parabenizar pela coragem e atitude de viver seus sonhos .
Alessandra 22/02/2015
Janaina, ministerio da saude adverte: Despeito faz mal a saude.
Janaína 21/02/2015
Ele não ficou selecionado nem entre os 600, na seleção anterior. Quando a história foi para a mídia ele já sabia disso, mesmo assim deixou a noticia correr, só para ser notícia. Tem gente que acredita em Papai Noel e não vai atrás dos fatos.
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