Aproximadamente 190 operários que atuam na obra do Centro Oficial de Treinamento (COT) da UFMT fazem um protesto por melhores condições de trabalho na manhã desta segunda-feira (10). Eles cruzaram os braços e não há previsão de retorno para o canteiro de obras.
O motivo da paralisação é em decorrência do não posicionamento da empresa responsável pela obra, a construtora Engeglobal, que desde o último dia 24 não apresentou solução para os problemas relativo às condições de trabalho.
Inclusive, na data, os funcionários denunciaram a situação ao Sindicato dos Trabalhadores na Construção Civil de Cuiabá e Municípios (SINTRAICCCM) que encaminhou o documento ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e à Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (SRTE).
De acordo com a denúncia e informações dos funcionários, os banheiros estão entupidos, não há água no bebedouro, e os salários deste mês estão atrasados. Isso porque a previsão é de que a remuneração fosse paga na semana passada.
“Nós estamos sofrendo há vários dias, mas hoje foi a gota d’água. Nós chegamos aqui e o pessoal desanimou. Não tem água no bebedouro, não tem água para lavar a mão, não tem água para dar descarga nos banheiros. Está pior que todos os outros dias”, afirma o operário Antônio Hélio.
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Segundo ele, ainda há o agravante de que a empresa sequer fornece o vale transporte para o trabalhador além de não depositar o FGTS e não contabilizar as horas extras trabalhadas.
“Além de termos de vir aqui nos sujeitarmos a estas condições, a empresa não quer pagar o passe de ônibus. Um funcionário aqui foi pedir o passe e o responsável disse para ele se virar. Mas como que nos fazemos se nem salários não estamos recebendo?”, questionou.
HUMILHAÇÃO
Outro ponto abordado pelo funcionário é que além das péssimas condições de trabalho, os funcionários sofrem constante humilhação no canteiro de obras principalmente por parte da diretoria. Inclusive, as ofensas já chegaram a ser feita coletivamente em reunião.
“Veio aí um engenheiro de Campo Grande que a empresa mandou para ficar de olho na obra, e nos tivemos uma reunião com ele. Na reunião, ele nos chamou de preguiçosos, mas não vê a bagunça que é aqui (no canteiro). Ele está achando que a gente é cachorro para trabalhar de sol a sol sem água pra beber, sem higiene no banheiro, sem comida”, apontou.
Conforme Antônio, a falta de consideração é tão grande que muitos funcionários já cogitam deixar o emprego. “Se for comparar com as empresas que tem aí, que constrói esses prédios, nós aqui somos tratados como cachorros. Em todos os lugares, é limpo, a fiscalização do trabalho bate duro e aqui, nada. E olha, que não dar nem para falar que o salário aqui compensa a humilhação, que não compensa. É igual a todos os canteiros”, afirmou.
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Dessa forma, a categoria espera o que eles chamam de “consideração” por parte da diretoria da empresa e querem que a situação seja resolvida sob pena de que os 190 operários entrem em greve.
“A diretoria, a empresa, acha que a gente não faz falta. Que é só mandar embora e está resolvido. Mas se a gente parar, todo mundo pedir demissão, isso aqui não anda. Não tem mão de obra para dar continuidade nessa obra. Eles (a diretoria) tinham que ter consciência que isso aqui é para a Copa, que tem ter respeito pelo funcionário para obra andar”, assegura.
Esta não é a primeira vez que os operários contratados pela Engeglobal reclamam de problemas com a empresa. No dia 11 do mês passado, trabalhadores que atuam nas obras do COT da Barra do Pari e do aeroporto, ambos em Várzea Grande, cruzaram os braços e paralisaram as atividades por causa de descontos nos salários e atraso nos pagamentos. Na ocasião, inclusive, cinco funcionários foram demitidos pela ação.
OUTRO LADO
O HiperNotícias tentou falar com o responsável pela empresa, Robério Garcia, mas ele não atendeu ou retornou as ligações. Já a assessoria da Secretaria Extraordinária da Copa (Secopa), por sua vez, informou que a solução do problema cabe apenas à empresa, mas garantiu que está monitorando a paralisação dos funcionários e acompanha a situação para que o cronograma de entrega da obra não seja comprometido.
AS OBRAS
O COT da UFMT começou a ser construído em março do ano passado e deveria ter sido entregue em dezembro passado, mas teve a inauguração remarcada para 27 de abril.
Levantamento apresentado pelo Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura (CREA) apontou que a quantidade de mão-de-obra no local é insuficiente para que a obra seja concluída a tempo para a Copa.
Lucas de Biasi 10/03/2014
Sr. Robério, quando o conheci, o Sr. era um homem que parecia ser responsável. O que é que está acontecendo. Garanto que o Sr. José Garcia Neto, seu pai, não estaria satisfeito com tudo isso. Respeite os seus funcionários, para ser respeitado.
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