O presidente da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT), Lucas Costa Beber, reconheceu, durante entrevista ao HNT TV, que o presidente Lula (PT) ampliou os valores concedidos por meio do Plano Safra. Mas, segundo ele, os números ainda são insuficientes para cobrir as perdas econômicas motivadas pela inflação. Costa Beber acentuou que o programa de crédito do governo federal está defasado desde a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que tem o agronegócio como uma de suas bandeiras.
"Numericamente, mesmo o Plano Safra estando maior em reais, ele é menor porque não corrige nem a inflação. Nesse ponto, eu tenho que criticar até o governo Bolsonaro, porque naquela época, os recursos já vinham diminuindo. Eu não estou aqui para defender política partidária. Eu estou aqui para defender o produtor", disse Lucas Costa Beber.
O Plano Safra é motivo de insatisfação entre os produtores rurais, pois o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro (PSD), o suspendeu em 2025 sem ouvir o setor. A deliberação de Fávaro implicou no rompimento da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) no Congresso com Fávaro. Os deputados federais e senadores intensificaram a pressão contra a pasta, pedindo a saída do senador mato-grossense do staff de Lula. No entanto, o presidente o manteve e abriu um crédito extraordinário e contornou as reclamações ao ministro zerando a taxação de alimentos.
Além das linhas de crédito, outra queda de braço do agro com o governo federal é a derrubada da moratória da soja. O acordo foi articulado e está nas mãos da Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). A Aprosoja é uma das entidades que faz a interlocução em Brasília para que a medida seja revista, alegando que os produtores brasileiros têm a safra desvalorizada, uma vez que as trandings europeias acabam controlando o mercado.
"A moratória, ela é um acordo de empresas privadas que compram soja aqui no Brasil. Esses produtores não conseguem entrar na agricultura, na produção de soja, por conta da moratória. E aí que entra o problema social. O produtor tinha direito de desmatar 50%, passou a ter direito a 20%. Essas empresas vão lá para a Europa, atendendo a moratória, captam dinheiro a juros baixos para emprestar ao produtor aqui a 20%. E o produtor não ganha nada com isso", ressaltou Costa Beber.
"Nós temos que separar isso. A Aprosoja não apoia nada que é ilegal. Nós apoiamos quem está dentro da lei. Qual que é o objetivo dos incentivos fiscais? É o desenvolvimento social e regional. E se você olhar, a moratória vai contra isso", completou o presidente da Aprosoja.
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