Durante a segunda semana de abril de 2024, a população cuiabana e várzea-grandense foi tomada por um sentimento de horror com o sumiço e consequente encontro dos cadáveres dos motoristas de aplicativo Elizeu Rosa Coelho, 58 anos, Nilson Nogueira, de 42 anos, e Márcio Rogério Carneiro, 34 anos. Os corpos foram encontrados nos bairros Chapéu do Sol e do Capão do Pequi, em Várzea Grande, entre os dias 15 e 16 daquele mês. Os assassinos foram identificados como Lucas Ferreira da Silva, de 20 anos, e seus comparsas, dois adolescentes de 15 e 17 anos, que desenvolveram uma verdadeira compulsão por matar.
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A primeira vítima foi Elizeu. Ele aceitou uma corrida para levar os meninos até um bairro de Várzea Grande. No entanto, não poderia imaginar que aquela seria sua última viagem.
Em depoimento, os acusados detalham a barbárie. O motorista não ofereceu nenhum tipo de resistência, mas mesmo assim foi morto a facadas.
A partir da primeira morte, os algozes ‘pegaram gosto por matar', segundo narraram as investigações policiais, e continuaram a carnificina até serem capturados pelas autoridades. Antes da prisão e apreensões, eles ainda vitimaram Nilson Nogueira e Márcio Rogério.
Nilson foi esfaqueado até a morte com o próprio canivete, mesmo implorando pela vida. Em depoimento, Lucas detalhou o assassinato brutal com riqueza de detalhes.
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Conforme o 'modus operandi' descrito pelo jovem, eles seguiam a viagem normalmente até chegarem a uma rua escura e anunciavam o roubo. A morte de Nilson foi gravada para que o menor de 15 anos, que não estava presente, pudesse assistir. Um vídeo foi enviado por mensagem de visualização única no Whatsapp.
Depois do crime, os acusados foram até a região do Zero, onde foram até uma boate para comemorar a empreitada criminosa. No prostíbulo, eles beberam bebidas alcoólicas, usaram cocaína e contrataram uma dançarina. Eles também pagaram garotas de programa para manter relações sexuais com eles.
A curtição custou R$ 2,6 mil e foi paga com o dinheiro da rescisão contratual de Lucas, que trabalhava como montador de painéis e havia sido demitido da empresa há aproximadamente duas semanas. Márcio Carneiro foi morto da mesma forma, o corpo dele foi encontrado na região do Capão do Pequi, na noite do dia 15.
Conforme o avanço das investigações, a Polícia Civil descobriu a participação de mais duas pessoas: Keise Melissa Matos que tinha a atribuição de negociar a venda dos carros roubados e Akcel Lopes Campos, que ainda não foi localizado pelas autoridades.
CONDENAÇÃO
Em julho deste ano, Lucas foi condenado a 73 anos de reclusão pelos três latrocínios (roubos seguidos de morte) cometidos contra motoristas de aplicativo. A condenação incluiu ainda os crimes de ocultação de cadáver, adulteração de sinal identificador de veículo automotor, corrupção de menores e associação criminosa.
Além dele, também foi condenada a 10 anos de prisão a ré Keise Melissa Rodrigues pelos crimes de roubos majorados, associação criminosa e corrupção de menores. Os menores estão cumprindo medida socioeducativa.
BOTÃO DO PÂNICO
Os crimes brutais motivaram a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) a criar o aplicativo 'Vigia Mais Motorista'.
O Vigia Mais Motorista foi criado com objetivo de garantir maior segurança aos condutores de motocicletas, carros e caminhões que trabalham com os veículos profissionalmente, conectando-os ao Centro Integrado de Operações de Segurança Pública (Ciosp) e ao Centro de Operações da Polícia Militar (Copom).
O aplicativo, disponível para sistemas iOS e Android, permite chamadas pelo botão de emergência e chat para comunicação com o operador. Após o acionamento do botão, o motorista tem cinco segundos para cancelar, em caso de engano. Após esse tempo, uma viatura é acionada para o local. Além disso, o programa também disponibiliza um botão de pânico físico, que ao ser ativado, imediatamente envia a localização do veículo ao centro de operações, que também aciona uma viatura.
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