Mato Grosso é o segundo Estado da Federação Brasileira que registrou a maior taxa de homicídios de mulheres. A informação foi divulgada no Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM) do Ministério da Saúde.
O levantamento traz as taxas de mortes de mulheres, por estado, calculadas a partir dos dados registrados nos anos de 2006 (ano de promulgação da Lei Maria da Penha), 2014 e 2015, quando foi realizado o último levantamento desse tipo.
Vale ressaltar que em 2018, somente na região metropolitana de Cuiabá, os casos de feminicídio tiveram aumento de 37,5% em 2018, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o balanço, o estado que mais registrou violência letal foi Roraima (RR) com 11,4. Logo depois, aparece Mato Grosso com 7,4, seguido por Goiás que registrou uma taxa de 7,3.
Os números apresentam um aumento de 0,3 em relação ao ano anterior. Porém, em 2014, Mato Grosso era o 4º colocado, atrás de Roraima (9,5), Goiás (8,4) e Alagoas (7,4).
Vale sempre lembrar que como os dados foram levantados no ano de 2015 não se encaixam na Lei do Feminicídio que fora sencionada posteriormente.
Na semana em que a “Lei Maria da Penha” completou 13 anos, a ativista, que deu o nome o regimento, participou de uma palestra na tarde de sexta-feira (9), no Teatro Zulmira Canavarros, em Cuiabá. Durante a coletiva, a mulher disse que Mato Grosso, um dos primeiros a implementar a lei, tem papel fundamental na divulgação dos trabalhos de combate a violência contra a mulher.
"Foi das 23h às 5h da manhã me agredindo. A gente não espera isso de alguém que a gente vai morar junto"
“Mato Grosso tem papel fundamental na divulgação dos trabalhos de combate a violência contra a mulher. Aqui foi o primeiro lugar em que lei começou a funcionar. Então, é muito importante essa divulgação para que as mulheres comessem a saber dos seus direitos e a denunciar esses crimes”, disse a ativista aos jornalistas.
O site do Tribunal de Justiça tem divulgado materiais de alerta às mulheres para que pudessem identificar fases do ciclo da violência. Em um dos relatos, uma das diversas vítimas, diz que além de violência física, mulheres têm sofrido com a agressão verbal.
“Me bateu só duas vezes. Quando o conheci não sabia que era assim, mas logo no começo já bebia, usava droga e me xingava. Foi me bater depois de um ano que a gente estava junto, falou que ia parar, mas de uns tempos para cá começou a dizer que estava traindo-o. Então, me afastei e foi quando disse que ia me separar. Um dia ficou me esperando na porta da igreja, usando droga. E foi essa a segunda vez que me bateu. Foi das 23h às 5h da manhã me agredindo. A gente não espera isso de alguém que a gente vai morar junto”, relata a mulher que não foi identificada.
De acordo com a juíza Ana Graziela, é preciso ter coragem de denunciar o agressor para romper o ciclo de violência e, assim, evitar um possível feminicídio. “É preciso se empoderar, ter como se sustentar, ter pessoas para quem falar, já que o agressor quer afastar dos familiares, dos amigos e às vezes até do serviço, proibindo a vítima de trabalhar, porque é mais fácil dele controlar. É interessante que tenha como se manter e manter os filhos para poder ter coragem de denunciar e sair do ciclo da violência”, acrescenta a juíza da 1ª Vara de Violência Doméstica de Cuiabá, Ana Graziela Vaz de Campos.
A magistrada ressalta que é importante que a mulher perceba que está sendo vítima de violência doméstica. Muitas vezes, o homem é educado, um príncipe, mas não deixa visitar a casa de familiares sozinha, proíbe de praticar esportes e outras atividades para não ter contato com pessoas. Assim, é mais fácil dele controlá-la e não ter como pedir socorro.
Vale sempre ressaltar que existem cinco tipos de violência na Maria da Penha que podem ser denunciadas. A física (empurrar, chutar, bater), psicológica (humilhar e insultar), moral (caluniar e injuriar), sexual (pressionar a fazer sexo) e a patrimonial (reter o dinheiro da mulher).
As denuncias podem ser feitas pelos números 193 (Polícia Militar e 197 (Polícia Civil).
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