O delegado de Polícia Civil Hércules Batista Gonçalves comparou o assistencialismo prestado pela facção criminosa Comando Vermelho perante à população com o modus operandi adotado pelo narcotraficante colombiano Pablo Escobar e pela máfia italiana.
Em coletiva de imprensa no bojo da Operação Acqua Ilícita, deflagrada nessa quinta-feira (20) pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), a autoridade policial explicou que as facções cooptam a população para defender o crime organizado através de doações de cestas básicas, por exemplo, dando uma falsa sensação de que estão protegidos por esses grupos.
A ação foi deflagrada com objetivo de combater um esquema de extorsão contra distribuidoras de água de Cuiabá, Várzea Grande, Nobres e Sinop.
Através do Whatsapp, os faccionados abordavam os comerciantes e os obrigavam a pagar uma taxa de R$ 1 real por galão, se não pagassem, deveriam, então, comprar somente de lojas autorizadas pelo CV. Caso se recusassem, sofriam represálias e ameaças.
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Todo o esquema foi descoberto através de denúncias anônimas, uma vez que os comerciantes ‘não aguentam mais’ ceder às chantagens feitas pelo grupo.
O coordenador do Gaeco, Adriano Roberto Alves, classificou como ‘perigosa’ a tentativa de dominar o mercado e determinar o preço de produtos promovida pelo Comando Vermelho.
“A população tem uma falsa percepção desse tipo de situação. A água por exemplo, eles iriam pagar R$ 2 a mais por galão. Pode ser que em outro dia, eles tivessem que pagar internet. Em outros Estados, a fornecedora de internet fechou porque as facções querem dominar a distribuição. Então, as pessoas estão pagando o dobro por causa dos grupos criminosos que determinam o preço. Isso é perigoso”, pontuou Alves.
Na ação, foram expedidos 55 mandados de busca e apreensão domiciliar, 12 mandados de prisão preventiva, e ordens para sequestro de 33 veículos automotores e bloqueio de 42 contas bancárias de pessoas físicas e jurídicas investigadas.
Durante o cumprimento das ordens judiciais, dois criminosos morreram em confronto. Eles foram identificados como Fabio Junior Batista Pires, vulgo Farrame e Gilmar Machado da Costa.
Farrame era tido como homem de confiança do chefe do Comando Vermelho em Mato Grosso, Sandro Rabelo, o ‘Sandro Louco’ e chefiava as extorsões. Já Gilmarzinho chegou a receber moção de aplausos na Câmara Municipal de Cuiabá pelo trabalho como líder do bairro Nova Conquista promovida pelo vereador Jeferson Siqueira (PSD).
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