Críticos do formato, contudo, argumentaram que as big techs obrigam os desenvolvedores a distribuírem apps por meio de suas lojas, os submetendo, por exemplo, a "termos e taxas abusivos". O debate acontece enquanto o governo discute enviar um projeto de lei ao Congresso para atribuir ao Cade o papel de regulador econômico das plataformas digitais. O modelo dessa regulação é alvo de debate no mercado, que dirige ressalvas ao sistema implementado pela União Europeia, caracterizado por uma atuação mais preventiva sobre a atividade das big techs.
Diretor jurídico da Apple para a América Latina e Canadá, Pedro Pace aproveitou sua fala na audiência para criticar o Digital Markets Act (DMA), lei da UE que regula essas companhias. "Incentivamos o Cade a considerar as circunstâncias específicas do mercado brasileiro e avaliar cuidadosamente se eventuais mudanças regulatórias podem resultar em mais danos do que benefícios. O Brasil tem a oportunidade de aprender com outras experiências já postas em prática e evitar consequências negativas que já vêm se manifestando", disse Pace.
Sobre a App Store, o representante da Apple afirmou que a plataforma é "valiosa" para desenvolvedores de aplicativos. Segundo ele, a maioria acessa a loja digital sem nenhum tipo de custo. A comissão, disse, é cobrada em dois tipos de apps: os que são pagos e aqueles que vendem bens e serviços digitais dentro do próprio aplicativo. Essa segunda realidade é um dos pontos investigados pelo Cade, já que foi constatado que a Apple impõe aos desenvolvedores nestes casos a obrigação de utilizar o sistema de processamento de pagamento para compras da companhia.
Para defender o atual sistema, Pace afirmou que todos os aplicativos disponíveis na App Store passam pelo processo de revisão por especialistas. "Também é feita a verificação de malware e outras ameaças. Assim os usuários sabem que podem instalar e explorar com segurança e confiança aplicativos de desenvolvedores novos ou menos conhecidos", disse.
A representante da Google seguiu a mesma argumentação em defesa da segurança proporcionada pela Play Store, além de argumentar que os desenvolvedores de aplicativos contam com igualdade de condições no Android. "O programa de compatibilidade é crucial para desenvolvedores de aplicativos, fabricantes e, em última análise, também para os consumidores", disse a executiva da Google, Regina Chamma, responsável por liderar o Google Play na América Latina.
A desenvolvedora de jogos Epic Games, por outro lado, foi um dos participantes da audiência a criticar as big techs. Segundo o Diretor sênior de desenvolvimento de jogos na empresa, Maurício Longoni, se o aplicativo desenvolvido oferece ao consumidor a capacidade de fazer compras de bens digitais, além da obrigatoriedade em usar os sistemas de pagamento da Apple ou do Google, os desenvolvedores são submetidos "a termos e taxas arbitrários e onerosos de até 30%, ou então correm o risco de serem excluídos dos dispositivos iOS ou Android".
"O desenvolvedor deve então, com isso, decidir se repassa essas taxas extras para o consumidor na forma de preços mais altos ou se absorve as taxas e investe menos em crescimento e desenvolvimento de produtos", disse. A Zetta, que representa empresas de tecnologia com atuação no setor financeiro, também fez ressalvas ao modelo. "Nós temos uma preocupação grande decorrente do fato do iOS, o sistema operacional da Apple, ser um sistema fechado, não licenciável, em que a Apple controla integralmente o software e o hardware dos seus dispositivos. E, com isso, ela pode potencialmente limitar a concorrência e favorecer produtos e serviços próprios em detrimento do uso de terceiros", afirmou o presidente da associação, Eduardo Lopes.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.