Uma comitiva com cerca de 40 estradeiros realizou a "queima do alho" nesta quarta-feira (1°), na Praça Ulisses Guimarães, na Avenida do CPA, em Cuiabá. A cerimônia contracenou com o cenário urbano da principal via da Capital, apresentando tradições de quem preserva costumes e profissões quase extintas, cortando o interior de Mato Grosso para levar boiadas de uma cidade a outra. A reunião de amigos também foi uma oportunidade para convidar os cuiabanos a participarem da 11° da Semana do Cavalo, que acontece entre esta quinta-feira (2) e o dia 12 de maio com entrada franca no Parque de Exposições Jonas Pinheiro.
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Nesta edição, o evento equestre tenta trazer a essência do rodeio no Brasil por meio da modalidade cutiano. Vilson Martins de Araújo, 55 anos, é membro da seleção brasileira que pratica o esporte. Ele mora em Herculândia, no Paraná, e veio para competir. O peão disse que a cerimônia é uma pequena prévia.
"Essa demonstração da queima do alho é onde começou tudo. O rodeio começou assim, com a condução de boi. E aqui estamos fazendo um aquecimento para a Semana do Cavalo", falou Vilson ao HNT. "Cuiabá pode esperar um bom espetáculo. Vocês vão ver um show de montaria com os peões profissionais e animais que vão vir", prospectou o atleta.
O condutor de boi Emidio Ferreira das Neves, 68 anos, está longe de se aposentar. Experiente na travessia de animais, chegou a liderar 10 comitivas em fazendas distribuídas simultaneamente em Mato Grosso. Os bois eram levados para cidades distantes do estado, Mato Grosso do Sul, Pará e até a Bolívia. As viagens chegavam a durar 90 dias.
"Comecei tocando boi aos 12 anos. A minha vida foi essa. Mas tem muita gente que não conhece o 'estradão' e aqui mostramos o sistema antigo, deixando um legado para os mais jovens", disse Emidio.
ALMOÇO TEMPERADO COM TRADIÇÕES
Para degustar o arroz carreteiro tem regras: quem come, lava o prato. A reportagem do Hipernotícias foi convidada para provar a iguaria. Os ingredientes são guardados nas bruacas. O arroz é cozido lentamente em meio a fogueira. Os pedaços de carne fritos no alho se unem aos grãos, dando um sabor único. Quem serve é o cozinheiro do dia e só está autorizado a comer os peões que se apresentam de chapéu.
Embora a modernidade deixe isso de lado, nós estamos aqui mostrando o que é a Semana do Cavalo
Depois de alimentados, o grupo se junta em uma roda de viola caipira. A música fica sob a responsabilidade de Júlio César e Marechal, membro da dupla Maestro e Marechal.
"Esse momento é para quem ama o sertanejo da roça, do pai e da mãe. Embora a modernidade deixe isso de lado, nós estamos aqui mostrando o que é a Semana do Cavalo", falou Júlio.
"Nós estamos precisando disso. Nós que vivemos os modões sertanejos que falam no coração dos peões que vivem em fazendas queremos resgatar nossas origens, nossas tradições", completou Marechal.
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