O presidente da Central Única das Favelas em Mato Grosso (Cufa-MT), Anderson Zonavello, aponta que o critério econômico pode ter sido um dos fatores que pesaram na classificação de bairros considerados 'medianos' no grupo de favelas ou comunidades urbanas em Cuiabá. Isso porque, embora tenham crescido em termos de infraestrutura, ainda abrigam a população mais pobre. Dados do Censo 2023, elaborados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), colocam regiões como Tijucal, Parque Cuiabá e Pedra 90 dentro da classificação.
“Há bairros onde muitas famílias têm baixo potencial econômico, mas isso não significa que sejam favelas no sentido clássico. O importante é que projetos de desenvolvimento econômico sejam implementados, e não apenas ações assistenciais, como a doação de cestas básicas. As famílias precisam de condições para sustentar seus lares de forma autônoma”, destacou Zonavello.
Segundo Zonavello, as favelas são regiões onde a grande maioria dos moradores estão em desvantagem econômica, ou seja, ganham pouco, e às vezes não têm formação ou não tiveram oportunidades. Conforme ele, no Brasil, o conceito de favela ainda é pejorativo e as pessoas têm a visão apenas de favelas em morros, comuns em cidades do Rio de Janeiro e São Paulo.
"Favela tem a ver com o conceito da realidade de um território específico, mas não necessariamente de um morro. Cada região tem sua realidade geográfica. Favelas são regiões onde tem pessoas potentes. As pessoas falam que favela é muita carência, criminalidade. Falando em carência, por exemplo, quando um pai ou mãe de família que ganha um salário mínimo e tem quatro ou cinco pessoas na casa alugada. Essa pessoa faz bicos, diárias nos fins de semana para correr atrás para ter uma qualidade de vida melhor. São pessoas que também pagam impostos, consomem. Ou seja, são pessoas potentes", explicou.
REPERCUSSÃO EM RONDONÓPOLIS
A secretaria municipal de Habitação de Rondonópolis (212 km de Cuiabá), Maristela Moraes, contestou o dado divulgado pelo Censo e afirmou que a classificação dos bairros como favela exclui os trabalhos e políticas de inclusão realizadas na cidade.
"A gestão tem razão em discordar e repudiar uma informação equivocada como esta que acaba depondo contra os trabalhos realizados e as políticas públicas de inclusão que vem sendo colocadas em prática na cidade. Um dos nossos orgulhos é exatamente poder afirmar que em Rondonópolis não existe favela! Todos os nossos bairros, são servidos por infraestrutura básica, e os mais novos recém-criados, já estão sendo atendidos. Por isso, contestamos e repudiamos publicamente esta informação equivocada do IBGE, que não condiz com a realidade”, disparou.
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