O "Nortão" de Mato Grosso, composto pelas regiões médio-norte, norte e noroeste, enfrenta aumento de crimes brutais, como estupros e assassinatos, além de guerra de facções. O estado já havia registrado a maior taxa de feminicídios no país em 2023, segundo o último Anuário Brasileiro de Segurança Pública. Entre alguns casos chocantes estão a chacina da família de Sorriso (398 km de Cuiabá) e os assassinatos de Raquel Cattani, filha do deputado estadual Gilberto Cattani (PL), em Nova Mutum (242 km de Cuiabá) e da suplente vereadora Santrosa, em Sinop (498 km de Cuiabá).
Em visita à região, a Agência Pública ouviu ativistas e pesquisadores, além da delegada responsável por investigar e elucidar crimes contra crianças, mulheres e pessoas LGBTQIA+ em Sorriso, para entender os motivos do aumento da violência de gênero não apenas no município, como em toda a região.
As fontes ouvidas ligam o aumento de estupros no Nortão, um dos polos do conservadorismo no país, à força do machismo e notam uma relação dos crimes de gênero com o modelo econômico de Sorriso, Sinop, Nova Mutum e outros municípios da região, dominados pelo agronegócio e pela construção civil, em especial de condomínios fechados de alto padrão.
Pesquisadores apontam ainda a existência de uma guerra local entre facções, envolvendo o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, o Primeiro Comando da Capital (PCC), de São Paulo, e a Tropa do Castelar, facção surgida no próprio estado de Mato Grosso, o que também traz mais insegurança de gênero no Nortão.
Membro do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o professor aposentado da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) Naldson Ramos relata que a guerra entre facções promove um ambiente propício para a banalização da violência.
“Somente uma dessas facções está presente em pelo menos 57 municípios do estado, cooptando jovens homens e mulheres, o que impacta na violência de modo geral. Aqui entram os crimes de gênero, como feminicídios e estupros, usados contra rivais e também contra a população em geral”, avaliou.
Sorriso aparece como o quarto município mais violento do país em 2023, com uma taxa de 77,7 homicídios a cada 100 mil habitantes, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
“A própria polícia estima que 90% dos homicídios registrados em Sorriso teriam relação com a guerra de facções, incluindo brigas fatais do tipo ‘você mexeu com a minha namorada’, ‘você pertence a tal bairro rival nosso’…”, completou Ramos.
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