Há aproximadamente 250 milhões de anos, no período geológico Triássico, um meteorito caiu na Terra e pode estar associado ao maior evento de extinção em massa que ocorreu na história do planeta. Parece o enredo de um filme de ficção científica, mas este fato aconteceu aqui, em Mato Grosso, no município de Araguainha (464 km de Cuiabá), que faz divisa com o Goiás. O local ficou conhecido como ‘Domo de Araguainha’.
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O corpo celeste, com cerca de dois quilômetros de diâmetro, atingiu Araguainha em uma velocidade de 1.080 km por minuto. Pela massa e velocidade de aceleração, o meteorito produziu uma energia cinética, isto é, a energia que um corpo possui quando está em movimento, descomunal, conforme explicou o professor Dr. Rogério Roque Rubert, que ministra aulas no curso de Geologia na Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT).
As evidencias são bastante robustas do impacto do Domo com a extinção. Essa extinção é mais importante em termos científicos do que a do dinossauros porque o Domo de Araguainha redirecionou a evolução de uma maneira considerável e abriu caminho para o surgimento dos dinossauros e de linhagens especificas de pré-mamiferos e mamiferos posteriormente.
Naquele período, as criaturas de habitavam a Terra eram espécies de ‘pré-dinossauros’, denominados arcossauros e uma linhagem que posteriormente daria origem aos mamíferos, os sinapsidas. O evento extinguiu 90% dessas espécies marinhas e 52% das famílias existentes no planeta, tanto no ambiente terrestre quanto marinho.
É claro que por se tratar de uma extinção em massa e a nível global, não aconteceu da noite para o dia. Foram alguns milhões de anos até que as espécies desaparecessem, algumas, completamente.
Similar ao que aconteceu com os dinossauros, registrado milhões de anos depois, a queda do meteorito trouxe vários eventos em ‘cascata’ como a dispersão de poeira para a atmosfera, interrompendo a chegada da luz solar ao planeta.
Sem o sol, as plantas não conseguiam fazer o processo de fotossíntese, ocorrendo a extinção da grupos vegetais, substituição de flora, impactos na fonte de alimentação dos herbívoros, desarranjando toda a cadeia alimentar em consequência.
Além disso, altas quantidades de carbono alteraram a química do mar, segundo alguns autores, causando mortandade das espécies marinhas, já que no período, a região era um mar de águas rasas.
“A extinção é rápida no ponto de vista geológico e não de tempo normal da nossa escala”, explicou o professor.
DESCONHECIMENTO DA COMUNIDADE INTERNACIONAL
Pesquisadores só descobriram que se tratava da queda de um corpo celeste em 1973. Antes disso, os cientistas achavam que o que ocorreu em Araguainha se tratava de uma intrusão de magmatismo, ou seja, como se fosse um vulcão invertido.
Fragmentos do meteorito nunca foram encontrados. Dessa forma, os cientistas constataram que se tratava de um corpo celeste a partir da análise das cicatrizes geológicas deixadas no local pelo evento, que são comumente associados às crateras de impacto.
Inicialmente, os estudiosos atribuíam uma atividade intensa de vulcanismo na Rússia como a causa da extinção em massa, ocorrida há 250 milhões de anos, justamente por não conhecerem detalhadamente o Domo de Araguainha.
A partir do momento que a descoberta ganhou notoriedade na comunidade acadêmica, os pesquisadores passaram a adotar a queda do corpo celeste no município mato-grossense como a principal teoria para desaparecimento das espécies no período Triássico.
Hoje, as duas correntes são bem aceitas como hipóteses para a extinção em massa. Há também quem acredite que a junção dos dois acontecimentos tenha acarretado no quase extermínio completo dos ‘pré-dinossauros’.
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Sabrina Ventresqui/HNT
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Rocha de ferro, deformada pelo impacto do meteorito, encontrada no Domo de Araguainha
IMPORTÂNCIA PARA A HUMANIDADE
Segundo o professor Rogério Rubert, a contribuição do Domo de Araguainha para a evolução e aparecimento espécie humana é tão ou mais importante do que o evento que desencadeou a extinção dos dinossauros.
Isso porque, com a queda do meteorito, os espécimes sobreviventes precisaram se readaptar, o que redirecionou todo o processo evolutivo à época.
“As evidencias são bastante robustas do impacto do Domo com a extinção. Essa extinção é mais importante em termos científicos do que a do dinossauros porque o Domo de Araguainha redirecionou a evolução de uma maneira considerável e abriu caminho para o surgimento dos dinossauros e de linhagens especificas de pré-mamiferos e mamiferos posteriormente”, explicou.
De uma forma, se o meteorito não tivesse caído em Araguainha, os processos evolutivos que deram origem aos seres humanos talvez não teriam existido, ou seja, as chances da humanidade em prosperar seriam baixíssimas. Uma vez que, sem o redirecionamento evolutivo do Domo, os dinossauros não teriam existido e sem a extinção deles, os mamíferos não teriam ganhado espaço.
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GEOPARQUE
O Domo de Araguainha é a maior cratera causada por um corpo celeste na América do Sul, com 40 quilômetros de diâmetro. No Brasil, existem outras cinco crateras causadas pela queda de meteoritos e outros objetos astronômicos comprovadas e outras estão sete em investigação.
O local é um dos 100 principais sítios geológicos do mundo e deve virar um geoparque em breve. Já que o Serviço Geológico do Brasil (SGB) está realizando um levantamento na área.
A ação atende a uma recomendação do Ministério Público Federal (MPF) e visa contribuir para a elaboração dos inventários dos 15 geossítios que integrarão a proposta do Geoparque Astroblema de Araguainha – Ponte Branca (GO/MT).
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Larissa 16/02/2025
Matéria muito interessante e esclarecedora. Não tinha noção da importância desse local na história da humanidade! Parabéns!!
Ingrid Castor 16/02/2025
Adorei a matéria.
2 comentários