Desses, Glicério tem a situação mais crítica. Com uma população de 4.084 habitantes, o município contabiliza 78 casos confirmados de dengue neste ano, de acordo com dados do Núcleo de Informações Estratégicas em Saúde da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo (SES-SP). Em todo o ano passado, foram 90 notificações.
A prefeitura está realizando nebulização nas ruas e visita às residências para limpeza e bloqueio de focos do Aedes aegypti, e ampliou a quantidade de leitos para o atendimento de pessoas com a doença.
Segundo Lidiane Beirassol, enfermeira da Vigilância Sanitária Epidemiológica, a região teve um "aumento expressivo" de casos e os agentes de combate às endemias têm enfrentado dificuldades para realizar seu trabalho. "As pessoas não permitem a nebulização e não querem deixá-los entrar nas suas casas. Elas dizem que não possuem criadouros e mandam os agentes voltarem em outra hora. Por isso, nós pedimos a colaboração da população", diz.
Com a segunda maior proporção de casos aparece Turmalina. A cidade de 1.640 habitantes já contabilizou 42 registros da doença em 2025, segundo a prefeitura. Para se ter ideia, em todo o ano de 2024, foram 103 ocorrências.
De acordo com a administração, a secretaria de Saúde do município está em contato com o Grupo de Vigilância Epidemiológica (GVE) do estado para averiguar a necessidade de decretar emergência, medida que permite agilizar a definição e implantação de ações de combate à doença.
Apoio de detentos do regime semiaberto
Em São José do Rio Preto, o prefeito Fábio Candido (PL) estabeleceu a realização de um mutirão de combate à dengue com apoio de cem detentos do regime semiaberto.
A medida foi tomada devido ao crescimento de registros da doença - já são 4.397 casos prováveis - e começa nesta segunda-feira, 13. Os reeducandos serão mobilizados para auxiliar na limpeza de pontos críticos da cidade, eliminando criadouros do mosquito, sob a supervisão da Guarda Civil Municipal.
A decisão de mobilizar os detentos para a limpeza da cidade foi tomada após uma reunião entre a prefeitura e o Poder Judiciário, com participação de lideranças municipais, do juiz da Vara da Infância e Juventude e do diretor do Complexo Penal do município.
Novo sorotipo preocupa
O infectologista Antonio Bandeira, consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), explica que é comum observar um aumento nos casos de dengue durante o verão. No entanto, ele destaca que esse crescimento geralmente ocorre a partir de fevereiro ou março. Por isso, o médico considera incomum o aumento de casos já em janeiro.
Ele ressalta, porém, que é cedo para afirmar se o quadro deste ano será tão grave quanto o do ano passado, quando foi registrado o recorde histórico. Segundo Bandeira, é possível que o alto número de casos em 2024 tenha fornecido a uma parcela da população imunidade para alguns dos sorotipos da doença (são quatro ao todo: DENV-1, 2, 3 E 4), o que poderia restringir seu avanço.
Há, no entanto, uma diferença preocupante em 2025: a maior circulação do sorotipo 3. "Faz tempo desde que o sorotipo 3 provocou números importantes de casos. Isso preocupa porque significa que um grande número de pessoas não teve contato com ele", explica. Ao contrair dengue, a pessoa fica imunizada permanentemente para o sorotipo que causou a infecção, mas não para os outros, daí a doença poder ser contraída mais de uma vez.
De acordo com a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, o tipo 1 predominou por boa parte de 2023 e 2024. O tipo 2 cresceu em importância ao longo do ano passado e, desde dezembro, foi observado um aumento significativo de casos causados pelo sorotipo 3, em especial em São Paulo, Amapá, Paraná e Minas Gerais.
"O sorotipo 3 não circula no Brasil desde 2008. São 17 anos sem esse sorotipo circulando em maior quantidade. Temos muitas pessoas suscetíveis", disse Ethel em coletiva de imprensa do Ministério da Saúde.
A falta de imunidade da população é um dado preocupante. Recentemente, uma pesquisa coordenada pela imunologista Ester Sabino, professora titular da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), indicou que 73% da população de São Paulo não possuía imunidade contra nenhum dos quatro tipos do vírus.
"O sintomas (dos diferentes sorotipos) são os mesmos. O que esse vírus pode fazer de preocupante é possibilitar que as pessoas se infectem, mesmo depois de uma epidemia que forneceu a muitas pessoas imunidade contra os demais tipos", diz Bandeira.
Mais vacinas
A possibilidade de ampliação do número de municípios que irão receber a vacina Qdenga ainda não é discutida pelo Ministério da Saúde. Segundo a pasta, há limitações quanto à produção do imunizante e todas as doses disponíveis foram compradas.
A Takeda, fabricante da Qdenga, prevê 9 milhões de doses entregues neste ano, mas as remessas são realizadas em etapas, com uma entrega mensal. A empresa afirma que o Brasil é o país com o maior número de doses disponíveis, mas que há outros 27 com o imunizante em circulação. "A capacidade produtiva da companhia precisa atender a todos esses mercados", diz.
Em dezembro, o Instituto Butantan concluiu o pedido de registro junto à Anvisa de sua vacina contra a dengue, a Butantan-DV. Em caso de aprovação, um milhão de doses do imunizante poderão ser entregues ainda em 2025.
Ações dos governos estadual e federal
Segundo a SES, o Estado de São Paulo está realizando a capacitação dos municípios para vigilância e controle do Aedes aegypti; a gestão dos equipamentos aplicadores e dos inseticidas para repasse aos municípios; o apoio técnico e operacional para organização das atividades pelas equipes municipais; e o monitoramento do estoque de inseticidas.
Já o ministério anunciou a instalação do Centro de Operações de Emergência em Saúde (COE) para Dengue e outras Arboviroses em São Paulo. O objetivo da ação é ampliar o monitoramento das arboviroses e orientar a execução de ações voltadas à vigilância epidemiológica, laboratorial, assistencial e ao controle de vetores.
(Com Agência Estado)
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