"Ele fala que não tem mais vontade de viver, que não se achava em condições de carregar toda essa tragédia nas costas", disse ao G1 a delegada.
Nesta tarde, o médico Paulo Viécile havia declarado que o paciente estava muito abalado. "O psicológico dele está arrasado. O paciente oscila crises de choro com crises de depressão. Chega a ter ideias delirantes, paranóicas. Está bastante comprometido emocionalmente", disse o médico Paulo Viécile. Até a manhã de quarta-feira (30) uma tomografia será realizada no empresário para saber se houve evolução no quadro clínico, mas a principal preocupação da equipe médica agora é tratar a questão psíquica de Sphor.
Aparentemente, segundo o médico, o dano pulmonar em um dos sócios da boate Kiss é leve, mas inspira cuidados. Mantido sob efeito de fortes sedativos, Sphor não tem previsão de alta. Policiais estão de plantão em frente ao quarto do hospital desde que foi determinado o pedido de prisão temporária.
"O sistema respiratório dele está em observação. Ele está muito perturbado emocionalmente. Não tem condições de alta. Qualquer indivíduo na situação dele, tem que estar internado, e é onde ele está", disse o médico.
Para evitar que o estado emocional do empresário se agrave ainda mais, a equipe médica não permite que o paciente tenha acesso ao grande número de notícias veiculadas sobre o caso. "Esta grande possibilidade de culpas e do que pode acontecer fogem um pouco da realidade do que de fato ocorreu lá dentro e entra em choque com a realidade dele˜, explica o médico Paulo Viécile.
INVESTIGAÇÃO DA TRAGÉDIA
O delegado regional de Santa Maria (RS), Marcelo Arigony, afirmou em entrevista coletiva na tarde desta terça-feira (29) que a banda Gurizada Fandangueira utilizou um sinalizador mais barato, próprio para ambientes abertos e que não deveria ser usado em local fechado, durante o show na boate Kiss, em Santa Maria (RS). O equipamento teria provocado o incêndio que deixou 234 mortos na madrugada de domingo (27).
O delegado Marcelo Arigony elencou uma série de elementos que contribuíram para que a tragédia ocorresse, como falhas na iluminação de emergência, espuma inadequada para recobrir a danceteria, além de extintores irregulares.
Segundo Arigony, o extintor de incêndio que estava na boate e falhou quando os seguranças tentaram apagar o fogo pode ser falsificado.“Segundo testemunhas e provas preliminares, os extintores podem ser falsos, pois não estavam funcionando, não funcionavam direito”, disse.
INCÊNDIO E PRISÕES
O incêndio começou por volta das 2h30 de domingo (27), durante a apresentação da banda Gurizada Fandangueira, que utilizou sinalizadores para uma espécie de show pirotécnico.
Segundo relatos de testemunhas, faíscas de um equipamento conhecido como "sputnik" atingiram a espuma do isolamento acústico, no teto da boate, dando início ao fogo, que se espalhou pelo estabelecimento em poucos minutos.
Quatro foram presos nesta segunda-feira após a tragédia: o dono da boate, Elissandro Calegaro Spohr, o sócio, Mauro Hofffmann, e dois integrantes da banda Gurizada Fandangueira, que fazia um show pirotécnico que teria dado início ao incêndio, segundo informações do delegado Sandro Meinerz, responsável pelo caso.
Em depoimento, Spohr afirmou à Polícia Civil que sabia que o alvará de funcionamento estava vencido, mas que já havia pedido a renovação.
O advogado Mario Cipriani, que representa Mauro Hoffmann, afirmou que o cliente "não participava da administração da Kiss".
Na manhã desta segunda, outros dois integrantes da banda falaram sobre a tragédia. "Da minha parte, eu parei de tocar", disse o guitarrista Rodrigo Lemos Martins, de 32 anos.
Por meio dos seus advogados, a boate Kiss se pronunciou sobre a tragédia, classificando como "uma "fatalidade".
A presidente Dilma Rousseff visitou Santa Maria no domingo e decretou luto oficial de três dias.
O comandante do Corpo de Bombeiros da região central do Rio Grande do Sul, tenente-coronel Moisés da Silva Fuch, disse que o alvará de funcionamento da boate estava vencido desde agosto do ano passado.
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