Segundo o delegado Abimael Silva, os depoimentos de Costa foram marcados por diversas contradições. A prisão foi pedida para que ele não represente risco às vítimas que sobreviveram. "Precisamos deixar claro que ele é o principal suspeito, mas a investigação ainda não foi concluída. Porém, todos os indícios apontam para ele", afirmou, durante entrevista coletiva a qual o Estadão teve acesso. A reportagem ainda tenta contato com a defesa do investigado.
Segundo o delegado, Francisco era companheiro de Maria dos Aflitos, mãe de oito filhos, dos quais seis viviam na residência. "Os três filhos da Francisca Maria, a última vítima fatal, também moravam na casa. É uma residência pequena que comportava 11 pessoas. Eles revelaram que Francisco não falava com nenhum dos enteados e tinha um sentimento de ódio em relação à dona Francisca, mãe das crianças."
O delegado expôs trechos de conversas recolhidas no celular do suspeito em que ele não esconde o sentido de desprezo em relação à mulher e seus filhos. Francisco havia manifestado desejo de que Maria Francisca "sumisse" de casa, pois só procurava "vagabundos". Disse ainda que a mulher era uma criatura de mente vazia e, quando olhava para ela, sentia nojo e raiva. Para o delegado, Francisco era o único da família que tinha motivação para o crime, por odiar algumas das vítimas. "Todos os indícios convergem para a autoria de Francisco. Temos um prazo de 30 dias, o mesmo da prisão temporária, para concluir o inquérito."
Segundo o delegado, os exames laboratoriais revelaram a presença de terbufós, substância tóxica usada em inseticidas, na panela utilizada para preparar o arroz, no intestino das vítimas e nos pratos onde os alimentos foram consumidos. O baião de dois foi preparado para o Réveillon em um tacho que ficou sobre o fogão após ser servido na virada do ano.
Para o policial, o veneno foi colocado na manhã seguinte. "O terbufós tem uma característica de fazer efeito uma hora após o consumo e fica fazendo efeito por ao menos quatro horas. No início da manhã, o alimento permaneceu sobre o fogão e foi preparado no almoço por uma filha adolescente de Maria dos Aflitos. Ela disse em depoimento que Francisco a orientou a preparar e servir o arroz", disse.
O policial contou que a primeira linha de investigação levou em conta a possibilidade de alguém ter entrado na casa enquanto a família dormia e envenenado a comida que estava sobre o fogão. "Os depoimentos e os exames na casa afastaram essa hipótese, pois todos dormiam amontoados ali e ninguém se deu conta da entrada de um estranho. Além disso, a porta estava bloqueada por uma pedra e cadeiras pelo lado de dentro."
(Com Agência Estado)
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