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Artigos Domingo, 18 de Maio de 2014, 08:42 - A | A

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Domingo, 18 de Maio de 2014, 08h:42 - A | A

Sacode na floresta

Com essa paixão e entusiasmo mostraram para o mundo que no fundo da selva havia um gigante...

VALÉRIA DEL CUETO



Divulgação

As folhas se agitavam, os ruídos ficaram mais fortes. Havia algo passeando no ar da floresta.

Faltava menos de um mês para chegada dos participantes da competição que reuniria as melhores qualidades dos animais: destreza, força, habilidade! E paixão.

Estranho sentir no pelo que o que havia no ar não era aquele frenesi costumeiro. E, lá na selva, com tantos olfatos apurados, já era piação corrente que aquela onda não era boa...

A macacada pulando de galho em galho não falava dos competidores, da esperança de vitória. Faltavam os palpites da papagaiada.

Bem que a enta anta poderosa, toda a entourage, o staff, a comunicação oficial e os patrocinadores insistiram e rebateram o assunto quase obrigando a bicharada a entrar no coro. Só que a coisa não pegava. Era como se tudo aquilo estivesse descolado da realidade.

A vida não andava nada fácil na floresta, onde cada vez se pagava mais por menos, não havia como se locomover, os serviços estavam péssimos, a violência explodia... horror dos horrores, podia faltar água! Como o mundo animal poderia aplaudir ou torcer em meio a tanta confusão?

Nem os próprios conselheiros se entendiam mais (melhor não dar nome aos bichos, cada um escolha a seu bel prazer). Um dizia que o gabinete florestal estava segurando os preços. O outro vinha e afirmava, quase mordendo, que o tagarela estava enganado.

Enquanto isso, os súditos sabiam por experiência própria que os tais preços já haviam disparado e iriam às alturas de novo na data em que a liberação fosse oficial. Mas isso, só depois do espetáculo vendido de porteira fechada para a fauna exótica invasora. Claro que a fauna sacou a manobra. Uma beleza.

Quer dizer, mais ou menos, para menos. Aconteceu que as benfeitorias exigidas por contrato e outros serviços essenciais como transporte, hospedagem, saúde e segurança, (contratadas por um vantajoso sistema que acessou o pote de ouro dos duendes da jungle sem maiores exigências, burocracias e controle), não ficaram prontas. Simples assim.

Enquanto as hienas morriam de rir e surrupiavam umas muitas moedas por baixo do pano, grande parte da bicharada assistia impotente aos fatos que se desenrolavam, afetavam diretamente suas vidas e estavam virando rotina.

Isso alterou o estado de ânimo geral. As mensagens que foram sendo espalhadas pelas trilhas que levavam às beiras dos rios, onde a onça sempre bebeu água, assim como a maioria dos animais, era a mesma: De novo não!

Não foram sentimentos de euforia ou de medo como pregaram os abutres, arautos da desgraça e ávidos por mais e mais carcaças, que impediram os animais de torcerem (afinal, jogo é jogo e campeonato é campeonato) apaixonadamente. Contra ou a favor.

E foi com essa mesma paixão despertada e um entusiasmo ainda maior que mostraram para o mundo, incluindo a enta anta, ados, ores, íticos em geral e patrocinadores que no fundo da selva, assim como existiam duendes, havia também um gigante.

Camuflado na floresta ele podia acordar a qualquer momento, afinal como filho de Deus também era fã de uma partida esportiva. O ar diferente era de sua respiração ao começar a acordar. E a floresta aguardou os acontecimentos...




*VALÉRIA DEL CUETO é jornalista, fotógrafa e gestora de carnaval. Essa crônica faz parte da série “Parador Cuyabano”, do SEM SIM... delcueto.wordpress.com

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Gilmar Maldonado Roman 19/05/2014

Excelente artigo/crônica da Valéria Del Cueto. Parabéns e sucesso!

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DOMINGOS SÁVIO 18/05/2014

Espetacular o texto na sua íntegra!!! Prende o leitor no início ao fim, com o mesmo entusiasmo. ..."Enquanto as hienas morriam de rir e surrupiavam umas muitas moedas por baixo do pano, grande parte da bicharada assistia impotente aos fatos que se desenrolavam, afetavam diretamente suas vidas e estavam virando rotina."

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2 comentários

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