Nos próximos dias, completam-se cinco anos de uma notícia que impactou profundamente a vida de todos os humanos em todos os países: a declaração pela Organização Mundial de Saúde – OMS da pandemia da Covid-19.
Os efeitos foram devastadores, mais cruéis que os de muitas guerras ou catástrofes climáticas: mais de 7 milhões de vítimas fatais no mundo, sendo mais de 700 mil brasileiras, embora nosso país represente menos de 2,7% da população mundial. Ou seja, só no Brasil, o equivalente a cinco bombas nucleares de Hiroshima. Além disso, um enorme contingente de sobreviventes que carregam sequelas duradouras, físicas e emocionais.
Tenho certeza de que cada um de vocês, leitores, carrega a dor e a saudade de alguma vítima da Covid-19: um familiar, um amigo, um vizinho, um colega de trabalho, um cliente, uma personalidade pública ... Quando escrevo essas linhas, muitos nomes vêm à lembrança.
Um evento de tal magnitude não pode ser esquecido. “Isso já passou, vamos falar de coisas mais agradáveis.” Ao contrário. Recordar é honrar a memória dos que se foram. Recordar é indispensável para recolher lições que possam nos guiar em desafios futuros. O gigantesco custo humano da pandemia tem que nos legar algum aprendizado.
Ao recordar, percebemos que, como em todo acontecimento desse porte, as atitudes e reações das pessoas foram as mais diversas possíveis. Quando submetidos a situações extremas, muitos se revelam heróis, outros se descobrem canalhas. Em nosso país, houve fartos exemplos de tudo.
Vi coragem e altruísmo em profissionais de saúde que estenderam plantões e assumiram riscos para salvar vidas, alguns sacrificando a própria. Também em profissionais da imprensa, em pesquisadores e cientistas e em um sem-número de voluntários que organizaram iniciativas para atender os mais carentes e frágeis, duramente atingidos pelas consequências econômicas da pandemia.
Vi covardia e egoísmo em empresários que colocaram a proteção do seu faturamento acima da proteção de seus clientes e colaboradores.
Vi a beleza em artistas e professores que organizaram lives gratuitas para confortar e instruir.
Vi a podridão da indiferença, do “E daí? Não sou coveiro.”, bem como a boçalidade explícita de quem debochou do sofrimento imitando doentes com dificuldades respiratórias ou promoveu buzinaços diante de hospitais.
Vi a dedicação de gestores públicos e privados empenhados em assegurar assistência aos doentes e promover medidas de prevenção.
Vi a corrupção de agentes públicos e privados que superfaturaram desde máscaras a respiradores.
Vi algumas das melhores inteligências científicas da humanidade colaborando para desenvolver e produzir vacinas em tempo recorde e em volume nunca imaginado. Dezenas de milhões foram salvos e a pandemia controlada.
Vi algumas das mentes mais perversas e ignóbeis propagando desinformação, boicotando pesquisas e retardando a contratação e distribuição das vacinas. Quantas milhares de vítimas a mais por causa disso? Quanto sangue de brasileiros nas mãos desses criminosos?
Recordar é honrar a memória dos amados que partiram. E é também uma convocação para lutar, ainda hoje e sempre, contra os negacionistas da ciência e das vacinas, os mercadores das trevas e os demagogos da grosseria e do autoritarismo.
(*) LUIZ HENRIQUE LIMA é professor e Doutor em Planejamento Ambiental.
Os artigos assinados são de responsabilidade dos autores e não refletem necessariamente a opinião do site de notícias www.hnt.com.br
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