Assistencialismo e distribuição de cestas básicas em bairros de Cuiabá e Várzea Grande promovidos pelo homem apontado como tesoureiro do Comando Vermelho em Mato Grosso, Paulo Witer Farias Paelo, o 'WT', são estratégias adotada pelo grupo criminoso liderado por ele para angariar opinião pública favorável à facção. Ao menos é o que indica a investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), da Polícia Civil, no âmbito da 'Operação Apito Final', que tem WT como alvo principal.
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Segundo a decisão judicial que autorizou a prisão preventiva de Paulo Witer e de outros 25 membros de seu círculo íntimo e que também integram a organização criminosa, ao ajudar a população em vulnerabilidade social, o grupo ‘vendia’ a falsa ideia de que o crime cuida dos desassistidos e que atende os anseios da sociedade, assumindo um papel que deveria ser desempenhado pelo poder público. Dessa forma, transmite a imagem de que o ‘crime compensa'.
Contudo, na prática, tais ações tidas como ‘benevolentes’ são feitas em benefício do crime e para a manutenção do poder da facção criminosa. Mesmo tendo o tráfico de drogas como ‘carro-chefe’ para arrecadar dinheiro para o crime, WT e sua ‘trupe’ atuam em diversos ‘fronts’ e constituíram o supermercado Alice, em Várzea Grande, e o time de futebol amador ‘Amigos WT’ exclusivamente para serem utilizados na lavagem de dinheiro e a favor da organização criminosa. Sendo assim, eles garantem o enriquecimento de forma ilícita e tiram proveitos econômicos a favor do grupo.
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Nesse sentido, o criminoso adquiriu diversos lotes para construir um centro de treinamento e atuar como escolinha de futebol para crianças e adolescentes. Tudo isso seria uma forma de mascarar a atividade ilícita desempenhada pelo grupo.
No bairro Jardim Florianópolis, principal área de atuação de Paulo Witer e seu grupo, eles promoviam torneios amadores com a agremiação esportiva para angariar fundos. Depois, pegavam os valores e utilizam em benefício da facção. Além disso, eles lavavam dinheiro através da aquisição e venda de bens móveis e imóveis, que eles colocavam em nome de ‘laranjas’.
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'WT' é tido como um dos ‘ídolos’ dos jovens que moram no bairro cuiabano. Os moradores do Jardim Florianópolis chegaram a organizar uma queima de fogos para comemorar sua soltura, em 2021, da Penitenciária Central do Estado (PCE), onde cumpria pena por outro delito.
O tesoureiro do CV foi preso no dia 29 de março, em Maceió, na capital do Alagoas, enquanto assistia um torneio de futebol amador.
OPERAÇÃO APITO FINAL
Em uma investigação que durou quase 2 anos, a GCCO apurou centenas de informações e análises financeiras que possibilitaram comprovar o esquema liderado por Paulo Witer para lavar o dinheiro obtido com o tráfico de drogas. Para isso, ele usou comparsas, familiares e testas de ferro na aquisição de bens móveis e imóveis para movimentar o capital ilícito e dar aparência legal às ações criminosas.
A operação foi deflagrada no dia 2 de abril, com a finalidade de descapitalizar a organização criminosa e cumpir 54 ordens judiciais que resultaram na prisão de 20 alvos, entre eles o líder do grupo, identificado como tesoureiro da facção, além de responsável pelo tráfico de entorpecentes na região do Jardim Florianópolis, onde ele montou uma base para difundir e promover a facção criminosa agindo também com assistencialismo por meio da doação de cestas básicas a eventos esportivos.
A investigação da Gerência de Combate ao Crime Organizado apurou que o esquema movimentou R$ 65 milhões na aquisição de imóveis e veículos. As transações incluíram ainda criação de times de futebol amador e a construção de um espaço esportivo, estratégias utilizadas pelo grupo para a lavagem de capitais e dissimulação do capital ilícito.
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