A campanha de vacinação tem como público-alvo 640 mil crianças com menos de 10 anos, que receberão duas gotas de imunizante oral contra a poliomielite em duas doses com um intervalo de quatro semanas. Pelo menos 90% das crianças precisam receber a vacina para interromper a transmissão da doença.
Segundo Rik Peeperkorn, representante da OMS em Gaza e na Cisjordânia, o acordo é crucial para que as famílias possam levar seus filhos para serem vacinados e voltar para onde estão abrigados até as 15h. "Temos um acordo, então esperamos que todas as partes cumpram isso", disse ele.
Os esforços de vacinação serão posteriormente ampliados para o norte e para o sul de Gaza, com pausas semelhantes. "Não vou dizer que este é o caminho ideal a seguir. Mas este é um caminho viável", acrescentou Peeperkorn, em entrevista coletiva por vídeo de Deir al-Balah, no centro de Gaza. A campanha envolverá mais de 2.100 profissionais de saúde de agências da Organização das Nações Unidas (ONU) e do Ministério da Saúde de Gaza, que trabalharão com equipes móveis.
De acordo com Basem Naim, representante do Hamas, o grupo está pronto para cooperar com organizações internacionais para garantir a campanha e que "acolheu com satisfação o pedido da ONU por uma pausa humanitária para implementar a campanha de vacinação".
Israel não comentou após a concretização do acordo. Segundo o The Washington Post, o país concordou com o plano de vacinação após a insistência do Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, durante uma visita ao país na semana passada. Blinken enfatizou que, sem as vacinas, o vírus que agora se espalha em Gaza pode se expandir por toda a região, incluindo para Israel.
Robert Wood, embaixador adjunto dos Estados Unidos na ONU, pediu a Israel que evitasse novas ordens de retirada de civis durante as pausas humanitárias. "É especialmente importante facilitar o acesso dos agentes da campanha de vacinação e abster-se de operações militares durante os períodos (da campanha)", disse. As pausas humanitárias não são um cessar-fogo entre Israel e Hamas, que os mediadores EUA, Egito e Catar buscam há muito tempo, inclusive em negociações em andamento nesta semana.
Os profissionais de saúde em Gaza vêm alertando sobre o potencial de um surto de poliomielite há meses, à medida que a crise humanitária na região cresce. Os acampamentos palestinos estão frequentemente lotados e localizados perto de depósitos de lixo e saídas de esgoto. A situação é favorável à transmissão de doenças como a poliomielite, que ocorre por meio de matéria fecal.
O bebê Abdel-Rahman Abu El-Jedian, de 10 meses, ficou parcialmente paralisado por uma cepa mutante do vírus que as pessoas vacinadas eliminam nos seus dejetos. Ele não foi imunizado porque nasceu pouco antes de 7 de outubro, quando teve início a guerra entre Israel e Hamas. A doença é considerada erradicada da maioria dos países. (Com agências internacionais).
(Com Agência Estado)
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