De férias no Chile, Bachelet afirmou ter vindo ao país para cumprir seu dever cívico. "O que vai ser decidido no próximo domingo é fundamental. Ninguém pode ser indiferente", afirmou, pedindo que o país escolha um presidente que garanta que o Chile siga "em um caminho do progresso, de liberdade, igualdade e direitos humanos."
O apoio público vem após uma reunião privada entre Bachelet e Boric, na casa da ex-presidente, confirmada pelo esquerdista no último debate presidencial, realizado na segunda-feira, 13. "Nós nos reunimos para conversar, assim como me encontrei com o (ex) presidente Ricardo Lagos", disse Boric, ao ser questionado sobre o encontro pela apresentadora de TV Solead Onetto. "Tivemos uma conversa muito boa, porque devo aprender com seus acertos e erros."
O apoio foi questionado por José Antonio Kast, rival conservador no segundo turno, que "lamentou" que a alta comissária da ONU intervenha nas eleições. A fundação de Bachelet, criada em 2018, já havia declarado apoio à Frente Ampla, de Boric, e se colocado à disposição de sua candidatura em novembro, após o primeiro turno.
Incomum
No entanto, a manifestação de Bachelet é um caso raro. De acordo com o manual de conduta da ONU, funcionários internacionais devem "exercer discrição em seu apoio a um partido ou campanha política e não devem aceitar ou solicitar fundos, escrever artigos ou fazer discursos ou declarações públicas à imprensa".
"Isso sai muito do hábito das Nações Unidas", afirma o diplomata Rubens Ricupero, que foi secretário-geral da Conferência da ONU sobre Comércio e Desenvolvimento (Unctad). "Imagino que ela fez isso porque foi presidente, deve estar preocupada com a situação. Mas, nos meus muitos anos na ONU, nunca vi algo igual."
Ricupero não acredita, no entanto, que o ato deva ser punido. "O outro candidato (Kast) é da extrema direita, e a não ser que ele vença as eleições e decida levantar essa questão, não deve passar de certa reação. Bachelet pode argumentar que Kast ameaça os direitos humanos, e como ela é comissária, se sentiu na obrigação de defendê-los."
O cientista político Miguel Herrera, do Centro de Estudos Públicos, explica que Bachelet não transgrediu nenhuma norma eleitoral chilena. "Tradicionalmente, o ex-presidente não manifesta apoio a um candidato. No entanto, isso é apenas uma tradição, não uma norma legal", disse.
Segundo Herrera, a posição tem um efeito simbólico sobre parcelas mais tradicionais do eleitorado, como a Nova Maioria. "Pode ter uma certa influência sobre o eleitorado mais duro da coalizão, mas ele é minoritário." Para ele, a manifestação de Bachelet não garante nada. "Bachelet, em certo momento, apoiou Paula Narváez (sua ex-porta-voz), e ela acabou não passando nem das primárias", lembra. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER e acompanhe as notícias em primeira mão.