O processo corre em segredo de Justiça, na 1ª Vara da Família e Sucessões da Comarca de Campinas. O mandado de prisão foi expedido no último dia 5 de agosto. A defesa, liderada pelo advogado Wellington Vieira Martins Junior, informou que vai recorrer da decisão. Procurado pela reportagem, o advogado classificou a decisão como "lamentável".
"O mandado demonstra, claramente, a incapacidade financeira do Thiago pra arcar com esse compromisso (pensão alimentícia), que pra ele é primordial. Isso só vem reforçar o fato de que não se beneficiou de qualquer desvio de valor, pois do contrário, jamais deixaria de pagar pensão alimentícia aos filhos, tendo em sua conta R$ 22 milhões. Essa situação mostra claramente o absurdo dessa acusação de desvio de valores", alega a defesa. Donda tem dois filhos - Enzo e Lorena.
O documento cita sete possíveis endereços em que o padrinho de Dudu poderia ser encontrado - seis destes na cidade de São Paulo e um em Campinas. Diferentemente do caso Dudu, em que a Justiça expediu um mandado de prisão preventiva de cinco dias, este pede a reclusão de Thiago por dois meses (60 dias), até que o valor em débito fosse liquidado. O empresário continua foragido. As informações foram divulgadas primeiro pelo Uol e confirmadas pelo Estadão.
CASO DUDU
Em baixa nesta temporada, Dudu, atacante do Palmeiras, foi vítima de um golpe financeiro por Thiago Soubhia Donda, ex-assessor, amigo e padrinho de casamento do jogador. O Estadão revelou que a polícia cumpriu na última segunda-feira, dois mandados de prisão contra Donda e Joelson Aguilar dos Santos, ex-gerente da agência do Bradesco em São Paulo que teria facilitado o golpe do qual foi vítima o atleta. A investigação aponta que eles articularam juntos o crime.
Joelson foi preso preventivamente. Já Donda não foi encontrado e continua foragido. A assessoria de imprensa de Dudu informou que o caso está sendo conduzido por sua equipe jurídica, liderada pelos advogados Adriana Cury e Cid Vieira. "Os advogados acreditam que as ordens de prisão de Thiago Donda, ex-assessor pessoal do jogador, e Joelson Aguilar dos Santos, ex-gerente do Banco Bradesco e responsável pelas contas bancárias do atleta, na época dos acontecimentos, são reflexo direto do que o inquérito policial apurou até o momento", diz a nota enviada à reportagem.
O caso veio à tona em fevereiro. No ano passado, a defesa de Dudu solicitou a instauração de inquérito no 15º Distrito Policial de São Paulo, que começou, então, a investigar as partes denunciadas. No centro da denúncia está Thiago Donda, amigo por anos de Dudu e uma das pessoas em quem o jogador mais confiava. Após a ação, o atleta cortou relação com o seu ex-assessor e desfez a amizade de mais de uma década.
A denúncia aponta que Thiago usou fichas bancárias com assinatura falsas de Dudu para desviar mensalmente dinheiro de uma conta no banco Bradesco em que o atacante recebia do Palmeiras os direitos de imagem, que, por lei, podem corresponder a até 40% do salário total de um jogador de futebol.
Dudu suspeita que Thiago desviava dinheiro de uma de suas contas desde 2015, ano em que o atleta se transferiu do Grêmio ao Palmeiras e contratou os serviços do assessor para lhe ajudar nas tarefas do dia a dia. Segundo a acusação, Thiago foi ganhando a lealdade e confiança do jogador e passou a ter acesso às finanças do atacante e a movimentar as contas bancárias do atleta sem ele saber.
Além disso, Thiago atuou com a ajuda do gerente de uma agência do Bradesco em que Dudu mantinha conta e de um funcionário do 19º Cartório de Registro Civil de São Paulo, no bairro de Perdizes. Na investigação, Joelson é citado como responsável pela transferência de carro registrado no nome da empresa de Dudu e transferido com assinatura falsa, sem anuência do atacante. O funcionário do cartório não foi atuado neste primeiro momento. Como o inquérito não foi fechado, ele ainda poder ser incluído, caso a Justiça entenda dessa forma.
FRAUDES CONSTATADAS PELOS ADVOGADOS DE DUDU
- Transferências e pagamentos de valores para conta de terceiros utilizando fichas internas com assinatura falsas;
- Compensações de cheques com assinaturas falsas;
- Débitos nas contas bancárias de produtos ofertados pela entidade bancária sem contratação e conhecimento das vítimas;
- Operações de empréstimos mediante oferta de produtos;
- Venda de Títulos de Capitalização sem autorização das vítimas;
- Transferências de valores para conta de terceiros com autorizações preenchidas pelo gerente sem anuência do correntista;
- Falsificações de assinatura;
- Baixas de aplicações financeiras e resgates de ativos financeiros sem conhecimento das vítimas;
- Utilização de PIX e TED não autorizadas.
Inicialmente, acreditava-se que o prejuízo era de R$ 18 milhões. Após nova análise, constatou-se que o valor é de cerca de R$ 22 milhões. A defesa de Dudu pediu, no inquérito, que a Polícia investigasse os crimes estelionato, falsidade ideológica, associação criminosa, abuso de confiança, entre outros.
(Com Agência Estado)
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