A declaração do presidente global da espanhola Telefónica (dona da Vivo, no Brasil) veio logo no discurso de abertura da principal feira de telecomunicações do mundo, o Mobile World Congress (MWC), realizado anualmente em Barcelona. A fala de Murtra reforça o embate vivido nos últimos anos na indústria.
De um lado, as teles têm enfrentado dificuldade para ampliar a receita e lidar com o volume crescente de investimentos na cobertura e nas novas gerações de internet, como o 5G. Do outro lado estão as big techs, como Meta (dono do Facebook, Instagram e Whatsapp), Alphabet (Google), Amazon, Alibaba (Aliexpress), Bytedance (TikTok), entre outras, que faturam alto com seus serviços e são as principais responsáveis pelo tráfego nas redes de internet construídas pelas teles.
"Estamos em uma nova era em que empresas tecnológicas titânicas estão impulsionando mudanças bruscamente. Essas gigantes trabalham como agentes dominantes em mercados quase monopolistas, têm profundo conhecimento e são capazes de investir de forma inteligente grandes quantias de capital para desenvolver tecnologias disruptivas, com know-how contraintuitivo. Todas essas empresas estão sediadas nos EUA e na China", apontou Murtra, sem citar nomes, entretanto.
O presidente da multinacional espanhola criticou a regulamentação considerada excessiva e fragmentada para telecomunicações na Europa e os retornos "insuficientes" dos investimentos das teles nas redes. Isso tem feito as operadoras "ficarem para trás em termos de tecnologia", argumentou Murtra.
"A Comissão Europeia, os estados-membros e os reguladores devem adaptar sua regulamentação para permitir a consolidação tecnológica e de telecomunicações. Se isso não acontecer, achamos que a posição da Europa no mundo continuará a diminuir e não terá a capacidade de decidir seu futuro de forma autônoma", enfatizou. Segundo ele, a Telefónica quer estar na ponta ativa da consolidação.
Na América Latina, a Telefónica tem vendido suas operações em vários países. A última venda foi do negócio na Argentina, em fevereiro. O grupo já declarou várias vezes que tem como estratégia se concentrar nos maiores mercados, que Brasil, Espanha, Reino Unido e Alemanha.
*O jornalista viajou a Barcelona para cobrir a MWC a convite da Huawei
(Com Agência Estado)
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