Em Nova York, as bolsas operam com volatilidade após dados divulgados mais cedo não darem espaço para corte mais agressivo dos juros norte-americanos na semana que vem. Foram informados os pedidos semanais de auxílio-desemprego e o PPI, índice de preços ao produtor dos EUA de agosto.
Na avaliação de Marcelo Vieira, head da mesa de renda variável da Ville Capital, o movimento geral dos indicadores leva praticamente a uma confirmação de um corte de 25 pontos-base na decisão da quarta-feira que vem. "O Fed deve continuar na postura 'data driven', ou seja, acompanhando os dados econômicos para respaldar as decisões sobre corte de juros", estima.
Também para Kevin Oliveira, sócio e advisor da Blue3, a redução do juro básico nos EUA já é dada e inclusive de 0,25 ponto. "Embora alguns falem que o Fed deveria cortar meio ponto, não deixar para frente um corte deste nível para não ser tarde demais, diante de sinais de que há mais pessoas desempregadas do que oferta de vagas", cita.
No Brasil, os juros futuros avançam e penalizam o Ibovespa, dada a possibilidade um aumento agressivo pelo Comitê de Política Monetária (Copom) também na quarta-feira que vem. Enquanto nos EUA muitos no mercado descartam um recuo mais forte pelo Fed, aqui há incertezas quanto à ritmo de elevação, diante da força da atividade evidenciada hoje nas vendas do varejo de julho.
"A proximidade com o Copom em meio a uma atividade pujante faz com que os indicadores daqui ganhem importância", diz a economista-chefe, Carla Argenta. Segundo a economista, as características da atividade são de que tanto os vetores mais estruturais e conjunturais estão na mesma direção nesse momento, o que reverbera nos juros. "Não há nada que vá na direção oposta, tudo caminha na mesma direção do PIB forte do segundo trimestre. Isso ratifica o cenário de preocupação do Banco Central com o nível de atividade aquecida", completa Argenta.
A CM Capital estima alta de 0,50 ponto na Selic na semana que vem, com a taxa fechando o ano em 11,50%. Atualmente, está em 10,50% ao ano.
Os dados de atividade e da inflação ao produtor dos Estados Unidos, que saíram há pouco, vieram, no geral, dentro do esperado, de forma a manterem a aposta de um início de queda dos juros do país em 0,25 ponto porcentual na semana que vem. O que ficou um pouco fora do previsto foi o núcleo do PPI, como já mostrou ontem o CPI.
Já bolsas europeias mantêm ganhos firmes da abertura, mesmo há instantes o Banco Central Europeu (BCE) ter confirmado as expectativas de redução de 0,25 ponto porcentual em suas principais taxas de juros. Agora, o mercado aguarda a entrevista da presidente do BCE, Christine Lagarde, para saber os próximos passos da política monetária da zona do euro.
Nesta manhã, o petróleo avança perto de 2,00%, o minério de ferro saltou quase 4% no fechamento em Dalian, na China, e o cobre também têm ganhos firmes, diante de expectativas de recuperação da demanda. No entanto, na reta final da semana os investidores podem evitar tomar grandes posições sem evidência de melhora da economia chinesa
As ações da Vale avançam em torno de 1,00%, mas as da Petrobrás cedem acima de 1,00% após o Goldman Sachs cortar o preço-alvo das ações da Petrobras em 10% e revisou as estimativa do potencial de dividendo extraordinário que a companhia poderá distribuir até ao final de 2025. O banco também revisou o valuation da empresa num contexto mais amplo e global, considerando novos patamares do preço do petróleo.
Ontem, o Ibovespa fecha em alta de 0,27%, aos 134.676,75 pontos.
Às 11h28, cedia 0,64%, na mínima aos 133.816,34 pontos, ante alta de 0,07%, na máxima aos 134.776,87 pontos. Algumas ações ligadas ao ciclo econômico são destaque de baixa, caso de Hypera (-2,63%) e Pão de Açúcar (-2,27%).
(Com Agência Estado)
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