Questionado sobre as declarações do presidente, o secretário do Tesouro afirmou que o olhar da equipe econômica está voltado para garantir que a dinâmica de crescimento das despesas do governo seja compatível com o arcabouço fiscal no médio e no longo prazo. Isso não seria a mesma coisa que eliminar, por "corte", um programa social, disse Ceron, num esforço de suavizar o discurso sobre a revisão de gastos, que enfrenta resistências da ala política do governo Lula.
"Posso diminuir o crescimento de um programa, para ele crescer a uma taxa X, não Y. Não estou cortando, mas fazendo crescer numa dinâmica confortável as regras. Isso é importante porque não é uma política fiscal econômica que busca Estado mínimo, mas uma política que vai equilibrar as demandas fiscais que são importantes para a responsabilidade fiscal. Por isso esses termos, de corte, fica no chavão, e atrapalham um debate mais sereno, de olhar dinâmica pelo lado de crescimento das despesas", respondeu Ceron.
Apoio 'irretocável'
O secretário do Tesouro Nacional afirmou que Lula tem dado apoio de forma "irretocável" para a agenda da equipe econômica de revisão de gastos. "Sinalizações são de total apoio à equipe, muitas vezes há interpretações sobre trechos das colocações... Mas digo que o presidente tem nos apoiado de forma irretocável", disse.
Ceron reconheceu que, no momento, surgiu no mercado um "elemento de dúvida" sobre a dinâmica de crescimento das despesas, mas afirmou que a área econômica vai mostrar que as regras fiscais serão cumpridas, e que as medidas necessárias para manter a trajetória de gastos aderente ao arcabouço fiscal serão adotadas.
"No início do ano passado, em vários momentos, falaram que medidas de receita não seriam aprovadas, não gerariam impacto, e no fim hoje estamos vendo que todo o conjunto de ações estão funcionando. É inegável que receitas estão recuperando de forma saudável, mostrando que tínhamos razão. Agora surge outro elemento de dúvida sobre a dinâmica das despesas, que também, com serenidade, vamos mostrando que elas vão ser cumpridas e vão manter dinâmica que permitam o cumprimento das regras pactuadas com a sociedade", respondeu Ceron, segundo quem o trabalho será de fazer com as expectativas sejam ancoradas.
Questionado se a preocupação do mercado sobre o atual cenário fiscal seria exagerada, Ceron disse que respeita as opiniões e o debate, mas pontuou também que as expectativas sobre o resultado primário e a trajetória da dívida pública sobre o PIB não pioraram nos últimos meses. "O que há de alguma forma existe é sentimento que se elevou riscos fiscais principalmente em relação a se estas dinâmicas de gasto vão permitir ficar dentro do limite de 2,5% de avanço das despesas. Nosso dever como equipe econômica é dar sinalizações de que essas dinâmicas serão observadas e seus limites rigorosamente cumpridos", disse.
Despesas antecipadas e crédito extra ao RS
O secretário do Tesouro Nacional disse que o crescimento das receitas em maio, que registraram avanço de 8,3%, está mantendo o ritmo de recuperação da base fiscal como "almejado" pela equipe econômica. Em contraponto, antecipações de despesas ajudaram a elevar o déficit no mês, que ficou em R$ 60,893 bilhões. As despesas em maio avançaram 14%.
Segundo Ceron, no mês, houve uma mudança no calendário de pagamentos da Previdência, que pesaram nos gastos, além um avanço importante no Benefício de Prestação Continuada (BPC), que cresceu 17,4% em maio, em relação ao mesmo período do ano passado.
Os créditos extraordinários para auxílio ao Rio Grande do Sul também aumentaram essa conta, com acréscimo de R$ 6,4 bilhões nas despesas. Novamente, Ceron chamou atenção também para o incremento do déficit previdenciário, que, disse, "merece atenção".
Em 12 meses, o déficit do governo central chega a R$ 268,4 bilhões, o que conta com a contaminação do pagamento de precatórios e de antecipações de pagamentos feitos no primeiro semestre. No ano até maio, o déficit acumulado foi de R$ 29,998 bilhões.
Segundo Ceron, desse valor, R$ 13 bilhões não são contabilizados para o cumprimento da meta do primário, por se tratarem de créditos extraordinários direcionados ao socorro do Rio Grande do Sul.
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.