Com 35 anos, Natasha Lopes, é a mais velha de três irmãos. Moradora do bairro Pedra 90, se define mulher trans e de muita sorte mesmo com os percalços da vida. Morando há 14 anos em Portugal, aprendeu a superar as adversidades e define a sua família como um grande esteio que a ajudou a entender que ser diferente é normal.
Ela conta que o primeiro obstáculo foi em casa, sua mãe. “Hoje entendo a preocupação dela com o medo do preconceito e eu sofrer as consequências. Ao contrário do resto da família que me aceitou desde o início”.
Natasha destaca que essa fase de conflitos com a mãe foi superada e, hoje, ela a apoia e é sua parceira em tudo. “Percebo que tudo na vida é um processo de aprendizado, assim como foi para ela me aceitar eu também aprendi que o tempo e o diálogo fizeram a diferença”.
Como primeira trans rainha de uma escola de samba, Natasha define ter como desafio fazer outras acreditarem que é possível. “A minha realidade é diferente da maioria que é marginalizada e não tem apoio onde mais precisa, a família”.
Ela lembra que sua inspiração em aceitar ser transexual veio de uma amiga do bairro que a ensinou tudo que sabe e principalmente a se respeitar.
“A Erika foi uma pessoa maravilhosa e fez toda diferença e me abriu as portas desse universo de oportunidades. Mas assim como muitas de nós, ela se perdeu e se envolveu com drogas, motivo que tirou sua vida, sinto pela sua morte até hoje", lembra Natasha.
Sobre sua vida na Europa, ela conta que a xenofobia não é diferente, mas aprendeu a superar e a tática é a mesma usada no Brasil.
“Sou criticada quando defendo que o preconceito é de todos os lados até entre nós trans. A forma como nos colocamos nos define. Infelizmente a aparência, o modo de agir e se impor - fazem a diferença”.
Natasha se define influencer digital e tem na sua página do Instagram 11 mil seguidores. Ela parou os estudos no ensino médio, mas garantiu que irá retornar. Junto da família estão à frente do projeto social Voluntários da Pátria que realiza há seis anos a celebração do dia de Nossa Senhora Aparecida, como uma grande festa para as crianças e adolescentes do bairro Pedra 90 e região.
“Tenho pensado que posso contribuir de várias maneiras em ajudar outras pessoas, a política é algo a se pensar, por que não?”, encerra ela.
ESTREIA NA BATERIA
A Escola de Samba Payaguás apresentou a rainha de bateria Natasha Lopes, primeira mulher trans a ocupar o posto em Cuiabá. A coroação ocorreu na última quinta-feira (13) na Praça da Mandioca, área central da capital
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.