É a segunda vez em menos de 15 dias que o temporal provoca revolta e transtornos em Congonhas. No dia 25 de outubro, 25 voos foram cancelados.
O servidor público Ronison Alberti e a família encaram uma longa saga. Eles saíram de Vitória, no Espírito Santo, e deveriam ter pousado em Congonhas na quinta à tarde, de onde embarcariam para Navegantes, em Santa Catarina. O avião, entretanto, precisou arremeter e pousou no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. A companhia aérea fez o translado por terra até Congonhas, e o grupo ficou aguardando.
"Nosso embarque era às 16h05. Nada do voo, nada de abrir portão. Fomos para a fila de reclamação. Às 18h chegou uma mensagem para a gente dizendo que o voo estava atrasado. Quando eram 20h, voo cancelado", relatou Alberti.
Frustração
A família tentou vaga em aeronaves com destinos para cidades próximas, mas sem sucesso. A companhia aérea pagou um translado até um hotel em Campinas. Ao chegarem, entretanto, o estabelecimento estava lotado. O servidor, a esposa, as duas filhas e a sogra retornaram para Congonhas e pernoitaram nos bancos do aeroporto.
"Estão dizendo que é o tempo, mas pela quantidade de voos cancelados, acho que teve overbooking. Não tem condição de ser só meteorologia."
O tatuador Gustavo Hildebrand e a namorada estavam no Japão e voltaram ao Brasil na manhã de ontem. Eles pousaram em Guarulhos e foram para Congonhas, de onde deveriam partir para Brasília às 15h, em voo da Latam. Como chegaram bem cedo ao aeroporto, conseguiram antecipar para as 10h. Porém, logo após a mudança, perceberam que o voo tinha sido cancelado. Com isso, tinham esperança de chegar a Brasília no final da noite de ontem. Se tudo desse certo.
"Quando a gente subiu para fazer o embarque, vimos que o voo tinha aparecido como cancelado. Falaram que a gente tinha que ir lá na esteira de bagagem, pegar nossa bagagem de volta, voltar na companhia aérea para resolver o caso. Quando a gente chegou lá, tinha uma fila muito grande só de pessoas que estavam nesse voo e falaram que o único voo que a gente conseguiria pegar hoje (ontem) seria 20h20", disse o tatuador.
Além do périplo para conseguir chegar ao destino final, os passageiros relataram outros problemas: não havia fila para atendimento prioritário e, embora as companhias aéreas oferecessem vouchers em hotéis, não orientavam os passageiros sobre como encontrar os estabelecimentos com vagas.
O Estadão também presenciou uma fila enorme de passageiros que tentavam remarcar os voos - alguns teriam de esperar mais de 24 horas para viajar. É o caso de Maria Regina Rodrigues, auxiliar de montagem. Natural de Ponta Grossa, no Paraná, ela veio a São Paulo para participar de um evento. Deveria ter embarcado às 10h, mas o voo foi cancelado e remarcado pela Latam somente para amanhã.
Alegações
Em nota, a Latam afirmou que alguns de seus voos com destino ou partida de Congonhas na noite de quinta-feira foram cancelados ou desviados para outros aeroportos por causa das fortes chuvas na capital paulista, "fato totalmente alheio ao seu controle.
"A companhia esclarece que está oferecendo toda a assistência necessária aos passageiros e recomenda que, antes de se dirigirem aos aeroportos, os clientes com viagens programadas nesta sexta-feira de/para São Paulo/Congonhas consultem o status de seus voos na página Minhas Viagens. Por fim, reitera que adota todas as medidas de segurança possíveis, técnicas e operacionais, para garantir uma viagem segura para todos", disse a Latam.
A Gol seguiu o mesmo caminho. "A GOL informa que, por conta das fortes chuvas, somadas às restrições operacionais do Aeroporto de Congonhas ocorridas entre quinta e sexta-feira, questões que não estão sob controle da Companhia, foram registrados atrasos e cancelamentos de voos para ajuste de malha aérea. Todos os Clientes impactados estão recebendo as facilidades previstas pela resolução 400 da ANAC conforme as necessidades, com possibilidade de reacomodação nos próximos voos da GOL e de congêneres. A Companhia reforça que as ações em relação foram tomadas com foco na Segurança, valor número 1 da GOL.
Procurada, a Aena, concessionária que administra Congonhas, disse que foram cancelados 32 voos na quinta-feira, sendo 16 chegadas e 16 partidas. Até o meio-dia de ontem, foram 26 cancelamentos, 17 chegadas e nove partidas. Ainda de acordo com a empresa, o mau tempo foi responsável pela maior parte dos impactos, mas os dados referentes às causas ainda estão sendo totalizados em conjunto com as companhias aéreas.
Por situação meteorológica adversa, cinco voos foram alternados e pousaram em outros aeroportos até o meio-dia de ontem. A Aena recomendou que os passageiros entrassem em contato com as companhias aéreas para verificar a situação de seus voos.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
(Com Agência Estado)
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