A Europa, defensora fervorosa da sustentabilidade e do meio ambiente, depende da soja brasileira para alimentar seus rebanhos e sustentar sua cadeia produtiva. Esse grão, cultivado com esforço e tecnologia em terras brasileiras, é essencial para a produção de carnes, laticínios e outros produtos que chegam às mesas europeias. No entanto, enquanto a soja brasileira garante a segurança alimentar do continente, o Brasil é alvo de políticas externas que ignoram a realidade de quem está na linha de frente da produção.
A Moratória da Soja é um exemplo claro de como uma política externa mal calibrada pode penalizar injustamente produtores brasileiros. Em nome de uma sustentabilidade que atende mais aos interesses do mercado europeu do que à preservação real, ela coloca obstáculos ao desenvolvimento da Amazônia Legal. É a velha lógica de proteger o quintal alheio enquanto se beneficia do que ele oferece.
O Brasil, por outro lado, não precisa da Moratória para preservar. Temos o Código Florestal, uma das legislações ambientais mais rigorosas do mundo, que exige que produtores rurais preservem uma porcentagem significativa de suas terras. O resultado? Cerca de 564 milhões de hectares de mata nativa protegidos, 218 milhões deles em propriedades privadas. Em nenhum outro país do mundo se vê um compromisso tão sólido com a preservação ambiental.
Enquanto isso, o continente europeu, com sua histórica devastação ambiental, se posiciona como guardião da sustentabilidade global. Mas será que seus líderes se perguntam: e se não fosse a soja brasileira? Será que seus próprios modelos agrícolas conseguiriam sustentar a produção em escala? A resposta é simples: não.
É incoerente e desrespeitoso impor barreiras ao Brasil enquanto nossa produção supre deficiências europeias. A Moratória da Soja perpetua a pobreza em regiões como a Amazônia Legal, onde o agronegócio é o principal motor econômico e cultural. Restringir a comercialização de grãos cultivados dentro das regras do Código Florestal apenas reforça o protecionismo econômico europeu, colocando em risco a subsistência de milhares de famílias brasileiras.
Com isso em mente, apresentamos o Pacto de Conformidade Ambiental da Soja (PCAS), que busca substituir a moratória por uma política equilibrada, sustentável e justa. Por meio de certificações, incentivos econômicos como créditos de carbono e o Pagamento por Serviços Ambientais, o PCAS garante que o desenvolvimento econômico da Amazônia seja acompanhado pela preservação ambiental.
O Brasil não precisa de lições de preservação da Europa, mas sim de uma parceria justa, baseada em diálogo e respeito mútuo. Afinal, nossa soja alimenta seus rebanhos, enriquece suas indústrias e sustenta sua segurança alimentar. É hora de os europeus reconhecerem isso e de nós, brasileiros, exigirmos o respeito que merecemos.
Se não fosse a nossa soja, Europa, como vocês lidariam com o desafio de alimentar o mundo?
(*) CORONEL FERNANDA é deputada federal e líder da bancada de Mato Grosso no Congresso Nacional.
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