Abijaodi defendeu que as políticas comercial e industrial sejam feitas "sem preconceito". No evento, coube a ele enviar o recado da indústria para o novo governo de Jair Bolsonaro. "Não podemos ter decisões precipitadas e erradas. Não se pode ter nem proteção exagerada, nem abertura precipitada e inconsequente", afirmou.
Para o diretor, tanto a política comercial como a industrial devem ser feitas com o foco de melhorar as condições de competitividade no exterior. "Não se trata de considerar a política industrial um conjunto de subsídios para compensar a falta de competitividade, mas, sim, um motor para dar estímulo à produção", completou.
Abijaodi disse ainda que o setor está pronto para atuar junto do governo "no que for preciso e no que for de interesse da indústria". "Estaremos prontos para trabalhar juntos", concluiu.
Carlos da Costa, por sua vez, reafirmou que a linha principal do próximo governo é deixar o empresário produzir e ser mais competitivo. Ele avalia positivamente alguns programas do atual governo, como o Brasil mais Produtivo, mas disse que ainda avalia se ele será expandido.
O futuro secretário assumirá parte das atribuições hoje no Ministério do Trabalho, como a Secretaria de Políticas Públicas para o Emprego. Ele disse que o foco será a capacitação do trabalhador. "Vamos rever todas as políticas para o emprego", afirmou, depois de ser questionado se irá rever o Sistema Nacional de Emprego (SINE).
Embraer-Boeing
Em relação ao negócio entre a Embraer e a Boeing, o secretário disse que ainda é preciso ser avaliado "com cuidado", mas que pode ser um exemplo para alcançar o salto de competitividade que a economia brasileira precisa.
Rota 2030
O secretário disse ainda que não há decisão sobre rever o programa automotivo Rota 2030, que permite à indústria abater no pagamento de impostos o que for investido em ciência e tecnologia. Os integrantes da equipe de Bolsonaro têm se posicionado contra incentivos à indústria.
Abertura gradual
Abijaodi defendeu que a abertura comercial prometida pelo presidente eleito Jair Bolsonaro seja feita de forma gradual e dialogada com o setor privado. "Tivemos experiência de abertura no governo do ex-presidente Fernando Collor que não foi bem sucedida e quase quebrou várias indústrias", afirmou.
Apesar de a CNI ter trabalhado pela manutenção do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC), Abijaodi disse que a incorporação da pasta ao Ministério da Economia pode ser positivo. "Acredito que essa conjunção das secretarias possa dar uma interlocução melhor. O que faltava no governo era essa interlocução entre os ministérios e acabar com a duplicação de atividades entre secretarias", completou.
A especialista em comércio exterior da BMJ associados, Renata Amaral, disse que a abertura unilateral, com redução de tarifas brasileiras sem contrapartidas de outros países, só pode ser feita depois de resolver questões que impedem o desenvolvimento da indústria. "Os problemas estruturais precisam ser resolvidos antes de uma conversa de abertura, que é até leviana", afirmou. "Não podemos romper imediatamente com uma série de alíquotas de forma descuidada e não pensada".
(Com Agência Estado)
Clique aqui e faça parte no nosso grupo para receber as últimas do HiperNoticias.
Clique aqui e faça parte do nosso grupo no Telegram.
Siga-nos no TWITTER ; INSTAGRAM e FACEBOOK e acompanhe as notícias em primeira mão.